De acordo com o IBGE, a taxa de desemprego registrada no trimestre móvel encerrado em outubro de 2025 foi de 5,4% da força de trabalho, resultado que veio no piso das estimativas de mercado (Broadcast+) e melhor do que a nossa projeção para o mês de 5,5%. Com este resultado, a taxa de desemprego interrompe uma sequência de 3 leituras em que ficou estável em 5,6%, recuando para o menor nível já registrado em sua série histórica, acumulando um recuo de 0,2 p.p. em relação ao trimestre móvel imediatamente anterior e de -0,7 p.p. em relação ao mesmo período de 2024. Na série com ajuste sazonal, a taxa de desemprego recuou marginalmente saindo de 5,72% para 5,68%, ficando próximo ao nível mais baixo já registrado em sua série histórica (5,67% em julho de 2025).
Avaliamos que os números de hoje seguem apontando para uma moderação do mercado de trabalho apesar do recuo da taxa de desemprego, visto que o recuo da taxa de desemprego foi acompanhado pela estabilidade no número de pessoas ocupadas, sugerindo que a queda no número de desocupados se deu por um movimento de saída de pessoas da força de trabalho. Apesar disso, seguimos com a avaliação de que o mercado de trabalho segue resiliente, mesmo diante de um cenário macroeconômico bastante adverso, sem sinais mais amplos de enfraquecimento. Ainda assim, a resiliência do mercado de trabalho – com desemprego abaixo do nível neutro e renda real em alta – sugere que o emprego seguirá como um dos principais fatores de pressão sobre a inflação nos próximos meses. Nesse contexto, entendemos que os números de hoje devem contribuir para que o BC siga com uma condução da política monetária de maneira bastante cautelosa, corroborando a nossa perspectiva de cortes da Selic a partir de mar/26.
A moderação da atividade também é evidenciada por outros indicadores da PNAD Contínua com ajuste sazonal. A ocupação recuou 0,1%, dando continuidade à uma sequência de dois recuos consecutivos na margem desde o trimestre móvel encerrado em agosto. Por sua vez, a população desocupada, reverteu parcialmente a alta de 0,8% observada no mês anterior ao recuar 0,7% em outubro, sinalizando uma certa estabilidade na população desocupada ao longo das últimas três leituras. Esses dados corroboram a nossa perspectiva de que a economia brasileira passará por um processo de arrefecimento gradual, sem rupturas, ao longo dos próximos meses, ficando em linha com as leituras mais recentes dos principais indicadores de atividade econômica.
Para o próximo trimestre móvel, preliminarmente, nossos modelos sugerem que a taxa de desemprego ficará estável em 5,4% da força de trabalho, de modo que, na série com ajuste sazonal, a taxa de desocupação deve sofrer um recuo para 5,65%. Com a surpresa no resultado de hoje, revisamos a nossa expectativa de taxa de desemprego do final do ano de 5,3% para 5,2% da força de trabalho, de modo que, a taxa de desocupação média do ano será de 5,9%. Contudo, vale ressaltar que, devido ao movimento mais recente de queda na taxa de desocupação ser derivado do recuo na taxa de participação, as projeções para a taxa de desemprego se tornam ainda mais incertas. Nesse sentido, caso haja uma retomada na taxa de participação por conta de um arrefecimento mais acentuado da economia nas próximas leituras, enxergamos que a taxa de desemprego pode avançar para 5,6% no final do ano.
Na série sem ajuste sazonal, a população ocupada ficou estável no trimestre móvel encerrado em setembro (102,6 milhões de trabalhadores), porém cresceu 0,9% no ano (mais 926 mil), situando-se no nível mais elevado da sua série histórica. No que diz respeito à população desocupada, houve recuo de 3,4% (menos 207 mil pessoas) no trimestre e de -11,8% (menos 788 mil pessoas) no ano, renovando o menor contingente de sua série histórica para o patamar de 5,9 milhões de pessoas.
A força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas) foi estimada em 108,5 milhões de pessoas, ficando estável em relação ao trimestre móvel anterior e no ano. Já a população fora da força de trabalho (66,1 mi) avançou 0,6% na comparação trimestral (mais 425 mil pessoas) e 1,8% (mais 1,2 milhão) no ano. Na série com ajuste sazonal, o contingente de pessoas fora da força de trabalho registrou avanço de 0,4% m/m, dando continuidade as altas observadas nos quatro trimestres móveis imediatamente anteriores, sugerindo uma tendência de saída de pessoas da força de trabalho que pode contribuir para sustentar a taxa de desemprego em um patamar mais baixo nas próximas leituras.
Por fim, o rendimento médio real habitual atingiu o nível recorde da série histórica (R$ 3.528,0), ficando estável no trimestre, porém com uma alta de 3,9% a/a, ficando praticamente estável em relação aos 4,0% a/a registrados no trimestre móvel imediatamente anterior. Por sua vez, a massa de rendimento real habitual renovou o patamar recorde da série histórica (R$ 357,3 bi), registrando estabilidade no trimestre e alta de 5,0% a/a em relação ao mesmo período do ano anterior, desacelerando em relação aos 5,5% a/a registrados no trimestre móvel imediatamente anterior.













