A produção industrial avançou 2,9% m/m em dezembro frente a novembro (série com ajuste sazonal), melhor que o projetado pelo mercado, que aguardava avanço de 1,6% m/m (Broadcast). Esse foi o primeiro resultado positivo após a sequência de seis taxas negativas. O destaque no mês vai para a produção de veículos, produção de produtos alimentícios e equipamentos de informática. Em 2021, a produção industrial avançou 3,9%.
Tivemos algumas revisões positivas nos meses mais recentes da série. Em outubro, a produção foi revisada de -0,6% para -0,5% e em novembro de -0,2% para 0,0%. Com as revisões da série e com o resultado de dezembro, o setor industrial se manteve estável (crescimento nulo) no 4º trimestre do ano, se encontrando 0,9% abaixo do período pré-pandemia (fev/20). No ano, a indústria apresentou crescimento de 3,9%, que ficou concentrado no 1º semestre do ano diante de uma base de comparação muito depreciada. No segundo semestre, com aumento da base de comparação e os diversos problemas nas cadeias produtivas, houve recuo de 3,4%.
O crescimento em dezembro foi mais diversificado entre setores, com um elevado índice de difusão (75%). Apesar de muitas atividades terem apresentado crescimento, a produção de veículos (12,2%) e de produtos alimentícios (2,9%) puxaram o índice no mês. A produção de veículos vem apresentando recuperação nos últimos quatro meses, acumulando alta de 17,4% no período. Já a produção de alimentos foi positivamente impactada pela produção de açúcar e pela volta das exportações de carne bovina para a China.
Outras contribuições positivas foram: equipamentos de informática (12%), metalurgia (3,8%), indústria extrativa (1,6%), produtos minerais não metálicos (1,3%) e celulose e papel (1,7%). Por outro lado, tivemos queda relevante nos produtos farmacêuticos (-6,9%) e equipamentos de transporte (-4,1%).
Em 2021, a indústria apresentou queda em oito dos doze meses. O ano foi marcado pelo desarranjo das cadeiras produtivas globais que provocaram forte escassez de matéria primas, por exemplo, semicondutores para indústria automotiva, tendo sido frequente a paralisação das plantas industriais ao longo do ano por falta de insumos importantes. Além disso, em um cenário de aumento da inflação global houve forte encarecimento dos custos, penalizando as margens dos produtores, que nem sempre conseguem repassar integralmente para os consumidores, num cenário de atividade econômica fraca e redução do poder de compra real com o aumento dos preços. Houve crescimento de 3,9% no ano, porém é relativamente baixo diante da base de comparação deprimida em 2020. Entretanto, 2022 deve ser um ano de recuperação para o setor industrial, com a normalização da produção de semicondutores e um cenário mais positivo para inflação, aliviando custos e aumentando a demanda por produtos.
Para janeiro, contudo, os indicadores antecedentes são negativos. A sondagem da indústria da FGV apresentou recuo de 1,7% m/m e a da CNI de -1,4% m/m. O PMI industrial recuou de 49,8 para 47,8 (abaixo de 50 indica recuo). Com o avanço da Omicron no planeta, diversos produtores relataram redução do número de vendas internacionais.