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Publicado em 19 de Abril às 13:05:03

Produção Industrial (fev/23): Contração continua com -0,2% m/m

Em fevereiro, a Produção Industrial variou -0,2% m/m, na série com ajuste sazonal, vindo bem em linha com a mediana do mercado (Broadcast+). Nos últimos três meses a queda acumulada é de 0,6%. Na variação interanual, houve queda de 2,4% a/a, caindo mais do que o esperado pelos analistas (-2,0% a/a). Já na variação em doze meses do acumulado do ano, a retração da indústria foi de 1,1%. O resultado foi composto por uma continuação da recuperação da Indústria Extrativa Mineral (4,6% m/m, ante 3,4% m/m), e uma retração menos acentuada da Indústria de Transformação (-0,5% m/m, ante -0,9% m/m). Com isso, a indústria se encontra 19,0% abaixo do nível recorde de maio de 2011 e 2,6% abaixo do patamar pré-pandemia (fev/20).

Na composição da retração de fevereiro, 2 das 4 categorias de uso e 9 dos 25 ramos econômicos pesquisados mostraram recuo na produção. Nas categorias de uso, os recuos ocorreram nos bens de consumo duráveis (-1,4% m/m) e nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis (-0,1% m/m), ao passo que os bens de capital (0,1% m/m) e os bens intermediários (0,5% m/m) registraram expansão. Na comparação anual, as variações foram de 2,1%, 0,2%, -12,4% e -2,8%, respectivamente. Entre as atividades, as influências negativas mais importantes foram: produtos farmacêuticos (-4,5% m/m), produtos químicos (-1,8% m/m) e produtos alimentícios (-1,1% m/m). Dentro da cadeia automobilística, o setor de veículos recuou 6,1% m/m enquanto máquinas e equipamentos contraíram 9,0% m/m. O fato de algumas montadoras terem dado férias coletivas teve impacto direto sobre a produção de veículos. No setor de alimentos, o episódio do “mal da vaca louca” afetou negativamente a produção alimentícia devido ao embargo das exportações de carne.

Comparando a atividade industrial das categorias com o nível registrado no período pré-pandemia temos que 7 delas retomaram e já ultrapassaram o patamar anterior. Dentre elas se destacam: outros equipamentos de transporte (16% acima) e fumo (14,8% acima). Por outro lado, itens como máquinas e elétricos, móveis, vestuário, máquinas e equipamentos e alimentícios ainda se situam 19,2%, 23,3%, 20,4%, 7,8% e 5,1% abaixo do pré-pandemia, respectivamente. Já em relação às máximas históricas, todas as categorias de uso ainda se situam consideravelmente abaixo dos seus respectivos picos. Os bens duráveis se situam 38,9% abaixo do pico de março de 2011, enquanto para os bens semiduráveis e não duráveis a diferença é de 15,1% para o ápice de junho de 2013. Os bens de capital também apresentaram queda expressiva (-31,9%) em comparação com o nível máximo de produção atingido em abril de 2013. Por sua vez, os bens intermediários situam-se 16,7% aquém do pico observado em maio de 2011.

Diante disso, o resultado de fevereiro contribui para reforçar o movimento de perda de tração da atividade brasileira. Com a expectativa de manutenção da taxa Selic em 13,75% por mais tempo, setores industriais ligados ao crédito continuarão sendo fortemente penalizados pelas altas taxas de juros e aumento gradativo da inadimplência tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. Ademais, nosso viés negativo para a indústria também é reforçado pela expectativa de desaceleração global, em meio às políticas monetárias contracionistas nas economias desenvolvidas, e por uma recuperação não tão vibrante da China após a reabertura que não deve vir acompanhada de uma rápida melhora das relações comerciais externas diante de um quadro de piora das questões geopolíticas. Assim, acreditamos que o cenário macroeconômico adverso, aliado à normalização do perfil de consumo de bens para serviços limitarão o desempenho do setor nos próximos meses. Apesar disso, e dos pontos negativos do episódio do “mal da vaca louca” e das férias coletivas nas montadoras apontarem para uma persistência da tendência baixista da produção industrial nos próximos meses, as quedas não estão muito difundidas pelos diversos setores e sim mais concentradas, haja vista que apenas 9 dos 25 ramos econômicos mostraram recuo na produção. Pelo lado oferta, temos visto uma melhora nos indicadores globais que medem a pressão sobre as cadeias de suprimento, com os índices já tendo recuado para os patamares que vigoravam antes da eclosão da pandemia, o que se configura como um vento favorável para a produção.

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