A produção industrial recuou 0,7% m/m em agosto frente julho (série com ajuste sazonal), abaixo da mediana das expectativas que projetava contração de 0,4% (Bloomberg). Esse foi o terceiro resultado negativo consecutivo (com perda acumulada de 2,3% nesse período). Houve queda de 0,7% m/m na indústria de transformação, porém crescimento de 1,3% m/m na indústria extrativa. Na comparação com o mesmo mês do ano passado houve recuo de 0,7% a/a.
Além disso, houve revisão para o mês de julho (de -1,3% para -1,2%) e para o mês de junho (de -0,2% para 0,5%).
Com o resultado de agosto e as revisões na série, o setor industrial se encontra 2,9% abaixo do período pré pandemia. No ano, a indústria apresenta crescimento de 9,2% e em doze meses de 7,2%. O recuo no mês alcançou quatro das cinco grandes categorias econômicas e 15 das 26 atividades investigadas.
A indústria apresenta 6 quedas nos últimos 8 meses. Nos primeiros meses do ano, a indústria sentiu os efeitos do recrudescimento da pandemia, em que houve fechamento e restrições sanitárias. Mais recentemente, com o avanço da vacinação e a flexibilização das restrições, a indústria sente os efeitos da elevação do custo de produção (energia elétrica) e do desarranjo das cadeias produtivas com desabastecimento de matérias-primas. Os desafios em relação a escassez de componentes deve se normalizar ao longo do próximo ano.
A produção industrial no mês de agosto foi puxada por produtos químicos (-6,4% m/m), derivados do petróleo (-2,6% m/m), veículos (-3,1%) e produtos farmacêuticos (-9,3% m/m). Destaque para o recuo dos Bens de consumo duráveis (-3,4% m/m), sendo a oitava queda consecutiva, acumulando uma perda de 25,5% nesse período.
Outras categorias que afetaram negativamente o indicador foram informática (-4,2%), materiais eletrônicos (-2,0% m/m) e produtos de borracha (-1,1% m/m). Por outro lado, os destaques positivos no mês ficaram com a produção de produtos alimentícios (2,1% m/m) e bebidas (7,6% m/m).
Para setembro, os indicadores antecedentes são negativos para o setor industrial. A sondagem da indústria da CNI apresentou queda de 11,3% em relação ao mês de agosto e a sondagem da indústria medida pela FGV recuou 0,6% m/m. Por outro lado, o PMI industrial foi de 54,4, acima do nível neutro (50) que indica expansão do setor, e mais forte que no mês anterior (53,6).