A produção industrial recuou 0,6% m/m em outubro frente a setembro (série com ajuste sazonal), pior que o projetado pelo mercado, que aguardava avanço de 0,7% m/m (Broadcast). Esse foi o quinto resultado negativo consecutivo (com perda acumulada de 3,7% nesse período). O destaque vai para o recuo na indústria extrativa (-8,6%). Além disso, a indústria de transformação recuou -0,1%. Na comparação com o mesmo mês do ano passado a indústria recuou 7,8% a/a.
Tivemos algumas revisões na série, em especial nos últimos três meses. As revisões foram negativas, passando de uma queda acumulada entre julho e setembro de -2,3% para -2,8%. Em julho, a produção passou de -1,2% para -1,4%; em agosto de -0,7% para -0,8%; e em setembro de -0,4% para -0,6%. Com as revisões da série e com o resultado de outubro, o setor industrial se encontra 4,1% abaixo do período pré pandemia. No ano, a indústria apresenta crescimento de 5,7% (base de comparação baixa) e, em doze meses, de 5,7%.
A produção industrial no mês é marcada pela disseminação de resultados negativos. Houve recuo em quatro das cinco grandes categorias econômicas e 19 das 26 atividades investigadas. Os maiores impactos negativos vieram da indústria extrativa (-8,6%) e dos produtos alimentícios (-4,2%). O primeiro foi impactado pela queda do minério de ferro e do petróleo (representam cerca de 90% do setor). Já o setor de alimentos foi impactado pela antecipação da safra de cana-de-açúcar na região centro sul do país, diante do atual cenário climático adverso. Além disso, tivemos influência no setor de carnes, ainda por conta de restrições impostas pela China (mal da vaca louca).
Outras contribuições negativas foram: máquinas e equipamentos (-4,9%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-5,6%), produtos têxteis (-7,7%), metalurgia (-1,9%), manutenção de equipamentos (-21,6%), produtos de madeira (-6,6%).
A indústria apresenta 8 quedas nos últimos 10 meses. O resultado da indústria no mês de outubro vem em linha com a tendência dos últimos meses: não só quedas, como também disseminadas em diversos grupos. O índice de difusão da indústria apresenta clara trajetória de queda, chegando a patamares baixos de 25%. A indústria apresenta dificuldades para obtenção de matéria-prima e escassez de componentes. Com isso, cronogramas de produção foram muito prejudicados, com consumidores adiando compras. Muitas vendas foram canceladas diante da insatisfação de clientes pagarem preços mais elevados. A indústria apresenta uma ampla gama de itens com escassez de estoques, elevando o custo dos produtos, que foram repassados para os consumidores. Em suma, o setor industrial passa por escassez de matéria-prima, com elevação de despesas operacionais, prejudicando vendas e expectativas para o setor.
Para novembro, os indicadores antecedentes são negativos para o setor industrial. A sondagem da indústria da CNI apresentou queda de 8% em relação ao mês de outubro e a sondagem da indústria medida pela FGV recuou 2,9% m/m. Além disso, o PMI industrial foi de 49,8, o primeiro abaixo de 50 (indicando recuo) desde maio de 2020. Em novembro, as empresas relataram os mesmos problemas dos últimos meses: elevada inflação, aumento das taxas de juros e dificuldade para obtenção de matéria-prima. Além disso, para controlar as despesas, as contratações também têm sofrido desaceleração.