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Publicado em 30 de Março às 11:41:10

Produção Industrial (jan/23): Processo de desaceleração continua com -0,3% m/m

Em janeiro, a Produção Industrial variou -0,3% m/m, na série com ajuste sazonal, retração maior que a esperada pelo mercado (-0,1% m/m, Broadcast). Na variação interanual, houve expansão de 0,3% a/a, e no acumulado em doze meses houve recuo de 0,2%, reduzindo a intensidade da contração frente aos meses anteriores. O resultado foi composto por uma forte recuperação da Indústria Extrativa Mineral (1,8% m/m, ante -1,1% m/m), e uma piora da retração da Indústria de Transformação (-0,8% m/m, ante -0,2% m/m). Com isso, a indústria se encontra 18,8% abaixo do nível recorde de mai/11 e 2,3% abaixo do patamar pré-pandemia.

Vale mencionar que houve uma atualização da pesquisa, com inclusão de uma nova amostra de empresas, adição e exclusão de atividades e alteração nos pesos dos produtos pesquisados. Além disso, a nova série histórica permanece com o mesmo comportamento, ou seja, mesmos momentos de altas e baixas com diferenças apenas em suas magnitudes. Por fim, não houve revisões de dados anteriores nessa primeira leitura da nova série histórica.

Para compor a retração de janeiro, três das quatro grandes categorias econômicas e 11 dos 25 ramos pesquisados mostraram recuo na produção. Entre as atividades, as influências negativas mais importantes foram: produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-13,0%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,0%), produtos alimentícios (-2,1%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,5%). O setor de automóveis intensificou a queda de 3,7% m/m registrada em dezembro, influenciado pela redução na produção de caminhões com novas políticas de redução da emissão de gases poluentes. Por outro lado, a indústria de alimentos apresenta uma virada após três meses seguidos de expansão, quando acumulou ganho de 19,7%, ou seja, não é possível dizer que a tendência positiva acabou.

Entre as categorias econômicas, bens de capital apresentou variação de -4,2% m/m e -6,6% a/a, intensificando a perda registrada em dezembro (-1,6% m/m). Já a produção de bens intermediários, que representa 55% da indústria, também houve retração mensal e anual, com -0,8% m/m e -1,7% a/a, segundo mês seguido de queda acumulando perda de 1,5% no período. Por fim, a produção de bens duráveis apresentou recuo na margem, mas avanço na métrica anual, com -1,3% m/m e 13,9% a/a, eliminando parte do crescimento de 5,3% acumulado nos dois últimos meses de 2022. A única categoria a apresentar avanço na variação mensal foi bens semi e não duráveis, com variação de 0,1% m/m e 4,6% a/a, mantendo a trajetória predominantemente positiva iniciada em outubro de 2022, na qual acumulou ganho de 2,3%.

Diante disso, a primeira leitura do ano confirma nossa tese de continuação de uma perda de tração da atividade brasileira. Com a expectativa de manutenção da taxa Selic em 13,75% por mais tempo, setores industriais ligados ao crédito continuarão sendo fortemente penalizados pelas altas taxas de juros e aumento gradativo da inadimplência tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. Ademais, nosso viés negativo para a indústria também é reforçado pela expectativa de desaceleração global, em meio às políticas monetárias contracionistas nas economias desenvolvidas, e pela moderada recuperação da China após a reabertura, que não deve apresentar rápida melhora das relações comerciais externas diante de uma fraca demanda interna. Assim, acreditamos que o cenário macroeconômico adverso, aliado à normalização do perfil de consumo de bens para serviços e às incertezas em torno da política fiscal a ser adotada pelo novo governo limitarão o desempenho do setor nos próximos meses. A ausência de avanços na agenda de reformas estruturais, portanto, e o perfil disseminado da retração industrial demonstram que a tendência baixista do setor deve persistir nos próximos meses.

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