A produção industrial recuou 0,2% m/m em novembro frente outubro (série com ajuste sazonal), pior que o projetado pelo mercado, que aguardava avanço de 0,2% m/m (Broadcast). Esse foi o sexto resultado negativo consecutivo (com perda acumulada de 4,0% nesse período). O destaque vai para o recuo na indústria de bens de capital (-3,0%). Além disso, a indústria de bens de consumo duráveis que avançou 0,1%. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a indústria recuou 4,4%.
Tivemos algumas revisões na série. Por um lado, revisões negativas foram realizadas para os meses de junho e abril, que saíram de -0,3% e -1,4% para -0,5% e -1,5%, respectivamente e, na ponta positiva, os meses de março e maio foram revisados de -2,8% e 1,2% para -2,7% e 1,3%, respectivamente. Com as revisões da série e com o resultado de novembro, o setor industrial se encontra 4,3% abaixo do período pré-pandemia, no ano, a indústria apresenta crescimento de 4,7% (base de comparação baixa) e, em doze meses, de 5,0%.
Diferentemente dos meses anteriores, a produção industrial no mês é marcada por uma maior concentração dos resultados negativos. Houve recuo de apenas uma das cinco grandes categorias econômicas e de 12 das 26 atividades investigadas (no mês anterior houve recuo em 19 atividades). Os maiores impactos negativos vieram da indústria de produtos de borracha e material plástico (-4,8%) e metalurgia (-3,0%). Este teve seu desempenho impactado por conta da queda no preço do minério de ferro e da piora da perspectiva econômica tanto na esfera doméstica quanto externa.
Outras contribuições negativas foram: produtos de metal (-2,7%), de bebidas (-2,2%), de derivados de petróleo e biocombustíveis (-0,6%), de produtos de uso pessoal (-4,5%) e de produtos diversos (-4,5%).
Por outro lado, entre as 13 atividades que avançaram no mês, os destaques foram: produtos alimentícios (6,8%), indústrias extrativas (5,0%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (2,9%). As duas primeiras atividades voltaram a crescer após dois meses consecutivos de queda na produção. Já a última marcou o primeiro resultado positivo desde abril de 2021.
A indústria apresenta 9 quedas nos primeiros 11 meses de 2021. O resultado da indústria no mês de novembro, embora aponte para uma menor disseminação dos recuos em relação aos meses anteriores, segue mostrando que o setor industrial ainda enfrenta muitas dificuldades. Nesse sentido, os efeitos da pandemia mundial sobre a indústria ainda são bastante visíveis por conta das dificuldades de obtenção de matéria-prima e escassez de componentes eletrônicos. Assim, cronogramas de produção foram muito prejudicados fazendo com que consumidores adiem as compras como consequência dos fortes aumentos nos preços de bens e longas filas de espera. A indústria apresenta uma ampla gama de itens com escassez de estoques, elevando o custo dos produtos que foram repassados para os consumidores. Em suma, o setor industrial passa por escassez de insumos, com elevação de despesas operacionais, prejudicando vendas e expectativas para o setor.
Para dezembro, os indicadores antecedentes são negativos para o setor industrial. A sondagem da indústria da CNI apresentou queda de 2,2% em relação ao mês de novembro e a sondagem da indústria medida pela FGV recuou 2% m/m. Além disso, o PMI industrial foi de 49,8, ficando abaixo do nível neutro (50) o que indica recuo do setor no mês. Em dezembro, as empresas relataram os mesmos problemas dos últimos meses: elevada inflação, aumento das taxas de juros, dificuldade para obtenção de matéria-prima e uma demanda que não vem se materializando. Por conta disso, as empresas se mostram mais cautelosas em suas avaliações, com algumas delas adotando uma abordagem de suspender decisões de gastos e investimentos enquanto aguardam por mais informações.