Em novembro, a produção industrial recuou 0,1% m/m frente o mês de outubro (série com ajuste sazonal), o resultado veio melhor que o consenso de mercado (-0,2% m/m). Nesse mês, houve recuo de 1,5% m/m da indústria extrativa, retornando ao campo negativo após dois meses consecutivos de alta, e expansão de 0,1% m/m da indústria de transformação.
Na variação interanual, o setor avançou 0,9% a/a, acumulando quedas de 0,6% no ano e de 1,0% nos últimos doze meses. Com este resultado, o setor industrial se encontra 2,2% abaixo do patamar pré-pandemia (fev/20) e 18,5% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011. Com o resultado do mês, o carrego estatístico tanto para o ano de 2022 ficou em -0,7%, enquanto para o 4º trimestre ficou em -0,5%.
Embora o resultado tenha sido negativo e um pouco melhor do que o consenso de mercado, apenas 11 dos 26 ramos pesquisados mostraram recuos na produção e apenas umas das quatro grandes categorias econômicas. As principais contribuições para o resultado do mês ficaram por conta da produção de equipamento de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-6,5% m/m); produtos têxteis (-5,4% m/m); de artigos de vestuário e acessórios (-3,8% m/m); de produtos de metal (-1,5% m/m); e de produtos de minerais não metálicos. Já as maiores pressões altistas ficaram por conta da produção de produtos alimentícios (3,2% m/m), beneficiada pelo processamento do açúcar; veículos automotores, reboques e carrocerias (4,4% m/m); bebidas (10,3% m/m); e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,8% m/m).
Entre as categorias econômicas, bens de consumo semi e não duráveis apesentaram avanço de 0,6% m/m. Na mesma direção, a produção de bens intermediários avançou 0,4% m/m, avançando pelo segundo mês consecutivo. Ainda na ponta positiva, observamos expansão de 0,8% m/m na produção de bens de capital, interrompendo uma sequência de 2 quedas consecutivas na margem. Com este resultado, o segmento segue 11,9% acima do nível pré-Covid. Por fim, os bens de consumo duráveis recuaram mais uma vez, agora em -0,4% m/m na margem e se encontram 20,2% m/m abaixo do nível pré-pandemia.
O resultado de novembro marca o retorno da atividade industrial para o campo contracionista, após uma leve alta de 0,3% m/m em outubro. Com este resultado, a indústria opera em um patamar semelhante ao observado em janeiro de 2009. Em linha com os últimos resultados da Pesquisa Industrial Mensal, nossas perspectivas para indústria são negativas para 2023. Acreditamos que o cenário macroeconômico adverso, marcado pela combinação de uma política monetária contracionista; encarecimento do custo do crédito; aceleração do nível de inadimplência; a normalização do perfil de consumo de bens para serviços; e as incertezas em torno da política econômica a ser adotada pelo novo governo limitarão o desempenho do setor nos próximos meses. Embora a produção de bens de capital esteja em um patamar significativamente acima do nível observado durante o pré-pandemia (11,9%), refletindo os efeitos positivos das reformas econômicas aprovadas nos últimos anos, acreditamos que esse segmento deve ser penalizado nos próximos meses, diante das expectativas de ausência de avanços na agenda de reformas estruturais. Para o próximo mês, o conjunto de indicadores antecedentes apontam para ambas as direções. Por um lado, a Sondagem da Indústria da CNI recuou 4,1% m/m na margem. Em contrapartida, a Sondagem da Indústria da FGV avançou 1,3% m/m.