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Publicado em 04 de Novembro às 14:49:40

Produção Industrial (Set/21): Aumento do custo e escassez de matéria-prima pressionam a indústria

A produção industrial recuou 0,4% m/m em setembro frente agosto (série com ajuste sazonal), em linha com a mediana das expectativas do mercado (Broadcast). Esse foi o quarto resultado negativo consecutivo (com perda acumulada de 2,6% nesse período). Houve queda de 0,2% m/m na indústria de transformação e contração de 0,3% m/m na indústria extrativa. Na comparação com o mesmo mês do ano passado houve recuo de 3,9% a/a.

Com o resultado de setembro, o setor industrial se encontra 3,2% abaixo do período pré pandemia. No ano, a indústria apresenta crescimento de 7,5% e, em doze meses, de 6,4%. O recuo no mês alcançou três das cinco grandes categorias econômicas e 10 das 26 atividades investigadas.

Apesar da contração no mês de setembro, diferentemente dos demais meses, dessa vez as quedas ficaram mais concentradas em setores específicos da indústria. Os maiores impactos negativos vieram dos setores de produtos alimentícios (-1,3%) e da metalurgia (-2,5%). O primeiro foi impactado por questões climáticas adversas que prejudicaram a produção de cana-de-açúcar. Além disso, esse segmento também sofreu impactos com a suspensão das exportações de carnes para China,diante do mal da vaca louca.  Esse importante segmento industrial encontra-se 7,4% abaixo do nível pré pandemia.

Já o setor de metalurgia, que contraiu 2,5% m/m, possui um cenário diferente da produção de alimentos. O setor apresentou modesto crescimento em agosto e recuo significativo em setembro, apesar disso, o segmento ainda está 8,6% acima do período pré pandemia.

Além disso, tivemos contrações no setor de couro e calçados (-5,5%), outros equipamentos de transporte (-7,6%), bebidas (-1,7%), indústria extrativa (-0,3%), móveis (-3,7%) e equipamentos de informática (-1,7%). 

Entre os segmentos que registraram elevação, temos o setor farmacêutico (6,5%), outros produtos químicos (2,3%), derivados do petróleo (1,0%), máquinas e equipamentos (1,9% e produtos do fumo (6,6%).

A indústria apresenta 7 quedas nos últimos 9 meses. Nos primeiros meses do ano, a indústria sentiu os efeitos do recrudescimento da pandemia, em que houve fechamento e restrições sanitárias. Mais recentemente, com o avanço da vacinação e a flexibilização das restrições, a indústria apresenta dificuldades para obtenção de matéria-prima. Com isso, cronogramas de produção foram muito prejudicados, com consumidores adiando compras. Muitas vendas foram canceladas diante da insatisfação de clientes pagarem preços mais elevados. A indústria apresenta uma ampla gama de itens com escassez de estoques, elevando o custo dos produtos, que foram repassados para os consumidores. Em suma, o setor industrial passa por escassez de matéria-prima, com elevação de despesas operacionais, prejudicando vendas e expectativas para o setor.  

Para outubro, os indicadores antecedentes são negativos para o setor industrial. A sondagem da indústria da CNI apresentou queda de 2,9% em relação ao mês de setembro e a sondagem da indústria medida pela FGV recuou 1,1% m/m. Além disso, o PMI industrial foi de 51,7, acima do nível neutro (50) que indica expansão do setor, mas apresentando forte desaceleração em relação ao mês anterior (54,4). Esse é o valor mais baixo para o PMI industrial desde junho de 2020.

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