Em setembro, a produção industrial recuou 0,7% m/m frente o mês de agosto (série com ajuste sazonal), o resultado ficou em linha com o consenso de mercado ao registrar a segunda contração consecutiva. Nesse mês, o avanço de 1,8% m/m da indústria extrativa foi compensado pela contração de 1,3% m/m na indústria de transformação. Os destaques vão para a produção de produtos alimentícios, metalurgia e coque, produtos derivados do petróleo & biocombustíveis.
Na variação interanual, o setor avançou 0,4%, acumulando queda de 1,1% no ano e de 2,3% nos últimos doze meses. Com mais uma queda na comparação mês a mês, a produção industrial acumula 4 taxas negativas no ano, fazendo com que permaneça 1,5% abaixo do nível pré-pandemia. Com o resultado do mês, o carrego estatístico tanto para o ano de 2022 quanto para o 4º trimestre ficou em -0,7%.
No mês de setembro, embora a queda tenha vindo em linha com a expectativa, diferentemente do mês anterior os recuos foram bastante disseminados, haja vista o recuo de 21 dos 26 ramos pesquisados e de todas as quatro grandes categorias econômicas. As maiores pressões baixistas ficaram por conta da produção de produtos alimentícios (-2,9% m/m); metalurgia (-7,6% m/m); coque, produtos derivados do petróleo & biocombustíveis (-2,6% m/m); bebidas (-4,6% m/m); e produtos de madeira (-8,8% m/m). Com este resultado, produtos alimentícios acumulam dois meses consecutivos de contração, totalizando um recuo de 6,1% no período. Vale destacar que nos três meses anteriores a esses dois recuos, essa categoria havia apresentado expansão acumulada de 6,7%.
Por outro lado, os destaques positivos ficaram com as indústrias extrativas (1,8% m/m); e máquinas e equipamentos (2,2% m/m). Com este resultado, a indústria extrativa eliminou parte do recuo observado em agosto (-3,1% m/m) e máquinas e equipamentos registrando o segundo mês consecutivo de expansão, acumulando um ganho de 15,3% neste período. O desempenho do segmento de máquinas e equipamentos está intimamente ligado com a própria dinâmica do setor industrial, isto é, com a dinâmica de investimentos em capacidade produtiva, e já se encontra 22,4% acima do nível pré-pandemia.
Entre as categorias econômicas, bens de consumo semi e não duráveis apesentaram queda de 1,4% m/m. Já os bens intermediários contraíram 1,1% m/m na margem. Vale destacar que os bens de capital recuaram 0,5% m/m, rompendo com a alta observada no mês anterior (5,8% m/m), entretanto, o segmento segue 15,7% acima do período pré-covid. Por fim, os bem de consumo duráveis recuaram 0,2% m/m na margem e se encontram 16,1% abaixo do nível pré-pandemia.
Durante o mês de setembro, observamos um recuo disseminado entre os segmentos industriais, haja vista a queda da produção industrial resultante da contração de 21 das 26 atividades pesquisadas, sinalizando uma desaceleração no ritmo da produção industrial frente ao cenário macroeconômico bastante adverso. Além disso, segmentos mais sensíveis à dinâmica de atividade global seguem pressionando a atividade industrial para baixo, diante do aumento do risco de uma recessão global mais acentuada. Nesse contexto, acreditamos que o setor industrial deve continuar sendo penalizado nos próximos meses, apresentando resultados negativos, em linha com a política monetária contracionista e um cenário externo mais desafiador. Entretanto, devido as reformas aprovadas nos últimos anos, seguimos com um viés neutro para a atividade de produção de bens de capital que devem se beneficiar da elevada taxa de investimento como proporção do PIB. Para o próximo mês, o conjunto de indicadores antecedentes apontam para um desempenho negativo em outubro com a contração de 4% m/m da sondagem da indústria da CNI e de uma variação na margem de -3.8% m/m da sondagem da indústria da FGV.