Resultado Consolidado (Banco Central)
O setor público consolidado (governo central, governos regionais e empresas estatais) apresentou déficit primário de R$ 21,3 bi em julho, vindo pior do que o piso das projeções de mercado (-R$ 13,8 bi, Broadcast+). O resultado consolidado no mês foi decorrente da combinação entre os déficits do Governo Central, Governos Regionais e Empresas Estatais no montante de R$ 8,6 bi, R$ 11,0 bi, e R$ 1,7 bi, respectivamente. O destaque negativo ficou por conta da piora do desempenho dos Entes Subnacionais, cujo déficit primário foi R$ 6,8 bi superior ao registrado no mesmo mês do ano passado e deve ser um fator adicional para pressionar a dívida pública brasileira em 2024.
No acumulado em doze meses até julho, o setor público consolidado obteve déficit de R$ 257,7 bilhões (2,29% do PIB), ante déficit de R$ 272,2 bilhões (2,44% do PIB) até o mês imediatamente anterior. O resultado acumulado em 12 meses evidencia que, apesar da aprovação das medidas de aumento de receitas no último ano, o atingimento da meta de déficit zero em 2024 será desafiador. O elevado ritmo de crescimento das despesas primárias do governo central, sobretudo previdenciárias, e a frustração com rubricas importantes de receita (CARF, por exemplo) devem fazer com que o governo altere a meta de resultado primário ao longo do segundo semestre do ano.
O resultado nominal do setor público consolidado, que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados, foi deficitário em R$ 101,5 bi em julho, ante déficit de R$ 81,9 bi no mesmo mês do ano anterior. No acumulado em doze meses, o déficit nominal alcançou R$ 1.112,5 bi (10,02% do PIB), ante R$ 1.108,0 bi (9,92% do PIB) até junho de 2024.
A dívida bruta do governo geral (DBGG), que engloba o Governo Federal, os Governos Regionais (estaduais e municipais) e o INSS, avançou para 78,5% do PIB (R$ 8,8 trilhões), registrando elevação de 0,7 p.p. em relação ao número do mês imediatamente anterior, em função dos juros nominais apropriados (+0,7 p.p.), das emissões líquidas de dívida (+0,4 p.p.) e do crescimento do PIB nominal (-0,5 p.p.). Com este resultado, no ano, a relação dívida/PIB registrou alta de 3,4 p.p.
A frustração no desempenho das contas do setor público vai de encontro com as nossas expectativas de que o elevado ritmo de crescimento das despesas do governo central será responsável pela continuidade da trajetória de deterioração das contas públicas nos próximos meses. Esta elevação do risco fiscal, na nossa avaliação, deve continuar sendo o principal protagonista na determinação da trajetória das principais variáveis macroeconômicas brasileiras nos próximos anos. Com o resultado do mês de julho e a revisão dos parâmetros de inflação e crescimento para o ano, projetamos que o déficit primário do governo consolidado será de 0,7% do PIB em 2024, de modo que, a relação dívida/PIB brasileira deve encerrar o ano em 78,6% do PIB.