Em dezembro, o setor de serviços registrou recuo de 0,5% m/m, vindo pior do que o consenso de mercado (Broadcast+), cuja expectativa era de expansão de 0,1% m/m. Este resultado dá continuidade ao recuo de 1,4% m/m observado em novembro, de modo que, a sua média móvel trimestral registrou variação negativa de 0,2% m/m, confirmando a perspectiva de desaceleração da economia para o último trimestre de 2024. Na comparação interanual, o setor registrou alta de 2,4% a/a, também vindo pior do que o consenso de mercado (3,2% a/a, Broadcast+). Apesar dos últimos dois meses do ano terem
sido marcados por contrações do volume de vendas de serviços, o setor registrou alta de 3,1% em 2024,
o quarto ano consecutivo de crescimento.
O desempenho do setor de serviços, assim como o resultado da indústria, corrobora a nossa
expectativa de arrefecimento da economia no último trimestre do ano. Diferentemente do mês anterior,
em que a contração do setor ficou concentrada em 2 das 5 grandes categorias pesquisadas, dezembro
registrou recuo de 3 das 5 grandes categorias, sinalizando um maior espalhamento dos resultados
negativos em função do cenário macroeconômico mais adverso. O destaque negativo ficou por conta
do segmento de Outros serviços (-4,2% m/m), refletindo uma menor receita proveniente de Serviços
financeiros auxiliares e de Manutenção e reparação de veículos.
Apesar do número de dezembro confirmar a perspectiva de desaceleração, o setor apresentou um
robusto desempenho no ano de 2024, registrando expansão de 3,1% em relação ao ano imediatamente
anterior. Além disso, cabe destacar que os serviços prestados às famílias, segmento mais ligado ao
consumo, registrou o oitavo resultado não negativo consecutivo e expansão de 4,4% no ano. Este fato
sugere que mesmo diante da deterioração do cenário macroeconômico (juros mais elevados, piora da
dinâmica inflacionária corrente e elevação do risco fiscal), o mercado de trabalho aquecido aliado às
políticas de impulso à demanda vem sustentando o consumo doméstico e deve seguir beneficiando a
atividade econômica no curto prazo, ainda que em magnitude inferior da observada em 2024. Nesse
contexto, avaliamos que o resultado de hoje do setor de serviços impõe um ligeiro viés baixista para a
nossa projeção de crescimento do PIB de 0,5% t/t no 4T24.
Com o resultado de dezembro, o setor de serviços se encontra 15,6% acima do nível observado durante
o pré-pandemia (fev/20), refletindo os avanços significativos no setor de informação e comunicação
(25,9%) e de transportes (18,8%) desde então. Além disso, com este resultado, o setor de serviços deixa
um carrego estatístico de -0,8% para o primeiro trimestre de 2025 e de 0,5% para o ano cheio.
Em 2024, o avanço de 3,1% do setor de serviços foi derivado da expansão de 4 das 5 grandes categorias
pesquisadas, com destaque para a expansão dos Serviços de informação e comunicação (6,2%),
beneficiada pelos serviços de tecnologia da informação que registrou expansão de 6,3% no período, e
de Serviços profissionais, administrativos e complementares (6,2%), refletindo principalmente o avanço
de 15,2% nos Serviços técnico-profissionais. Em relação ao desempenho dos Serviços prestados às
famílias (4,4%), o avanço teve como principal driver o segmento de Alojamento e alimentação (4,6%),
corroborando a nossa avaliação de que a demanda segue aquecida apesar da deterioração do cenário
macroeconômico, corroborando a expectativa de gradual desaceleração da economia.
