Em dezembro, o setor de serviços apresentou alta de 3,1% m/m frente ao mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, vindo acima do teto das previsões do mercado de 2,2% m/m (Broadcast+). Na comparação interanual, houve avanço de 6,0% a/a, o vigésimo segundo avanço consecutivo. Com este resultado, o volume de serviços se expandiu 8,3% em relação ao ano de 2021. Embora o resultado de dezembro tenha apontado para um robusto avanço dos serviços, no acumulado em 12 meses é possível observar perda de dinamismo do setor ao sair de alta de 8,7% em novembro para 8,3% em dezembro, refletindo os impactos da política monetária contracionista.
Houve revisão negativa nos meses de outubro (saiu de -0,5% m/m para -0,7% m/m) e de novembro (0,0% m/m para -0,4% m/m). Com isso, o setor de serviços se encontra 14,4% acima do nível pré-pandemia e alcançou o patamar recorde da série histórica iniciada em 2011, deixando carrego de 1,9% para o primeiro trimestre e de 4,7% para o ano de 2023.
No mês de dezembro, quatro das cinco atividades investigadas tiveram avanço, com destaque para Transportes (2,5% m/m), que teve o segundo resultado positivo seguido, e Outros serviços (10,3% m/m), que eliminou a perda de novembro (-3,3% m/m). Os demais avanços vieram dos Serviços profissionais administrativos e complementares (3,0%), com ganho acumulado de 3,6% desde novembro, e dos Serviços prestados às famílias (2,4%), que eliminou as perdas acumuladas no período de outubro-novembro (-1,8%).
Por outro lado, Serviços de informação e comunicação caem pelo segundo mês consecutivo (-2,2%), acumulando perda de -2,9% no período, após sequência de quatro taxas positivas (entre julho e outubro), no qual acumulou um ganho de 5,1%.
Sobre o crescimento de 2022 em relação a 2021, o principal avanço veio do grupo de Serviços prestados às famílias (24,0%), muito devido à intensificação do processo de reabertura pós-pandemia e pela mudança no padrão de consumo substituindo bens por serviços. A segunda atividade que mais cresceu foi Transportes (13,4%), principalmente no subgrupo de transportes de passageiros (29,2%), impactado pelo retorno e intensificação da mobilidade urbana e do turismo. Apesar de ter sido o grande responsável pela surpresa positiva no mês de dezembro, o grupo de Outros serviços foi o único que retraiu em relação a 2021 (-2,1%), sendo negativamente afetado pelo processo de realocação dos gastos devido ao processo de reabertura da economia.
Em dezembro de 2022, o índice de atividades turísticas voltou a crescer depois de uma retração e uma estabilidade, avançando 4,1% m/m. Dessa forma, o segmento de turismo se encontra 1,5% acima do patamar pré-pandemia e 5,5% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014. No entanto, o resultado do ano foi positivo, tendo apresentado crescimento de 29,9%, em linha com o processo de recuperação já mencionado. Por fim, a média móvel trimestral da PMS voltou a crescer (0,7%) no trimestre encerrado em dezembro frente ao nível do mês anterior.
Diante disso, o resultado do último mês de 2022 foi surpreendente devido a todo o cenário macroeconômico adverso, mas principalmente tendo em vista a clara desaceleração apontada por outros indicadores de atividade. Um ponto que merece atenção é a desaceleração apresentada pelo acumulado em doze meses, o que representa um efeito da política monetária contracionista e do ainda alto nível de preços. Esta dinâmica é reflexo ainda de uma normalização do segmento, que já não conta com o impulso da retomada. Em nossa visão, ainda há um viés levemente otimista para o setor, principalmente pelo ainda forte carrego estatístico que deve limitar o efeito contracionista da política monetária. Como pontos positivos, os efeitos inerciais da recuperação do mercado de trabalho em 2022, somados às políticas de impulso à demanda que deverão ser aprovadas com o novo governo, beneficiarão o setor de serviços. Os próximos resultados do setor serão, portanto, influenciados tanto por esses vetores de incentivo, como pelas limitações do encarecimento do crédito, aumento do risco fiscal e pelas incertezas em torno da meta de inflação, que venham a deteriorar as expectativas de inflação e gerar novos aumentos da taxa Selic.