Em fevereiro, o setor de serviços voltou a apresentar avanço, com variação de 1,1% m/m, na série com ajuste sazonal, próximo ao teto das projeções de mercado de 1,2% m/m (Broadcast+). Na comparação interanual, houve expansão de 5,4% a/a, o vigésimo quarto avanço consecutivo nessa métrica, mas a quinta desaceleração seguida. O acumulado no ano foi de 5,7% e o acumulado em doze meses passou de 8,0% em janeiro de 2023 para 7,8% em fevereiro, menor resultado desde setembro de 2021 (6,8%).
Houve revisão positiva no mês de janeiro, saindo de -3,1% m/m para -3,0% m/m, de modo que, o resultado de fevereiro reverte parcialmente o desempenho ruim do início do ano. Com isso, o setor se encontra 11,5% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020) e apenas 2,0% abaixo do ponto mais alto da série histórica (dezembro de 2022), deixando carrego de -0,4% para o primeiro trimestre e de 2,6% para o ano de 2023.
No mês de fevereiro, três das cinco atividades investigadas acompanharam o avanço do índice, com destaque para o setor de transportes (2,3% m/m), que recuperou parte da perda de 4,4% m/m verificada no mês anterior, beneficiado pelo transporte rodoviário de cargas diante de uma demanda crescente vinda do agronegócio, do comércio eletrônico e do setor industrial. Os demais avanços vieram dos serviços de informação e comunicação (1,6% m/m), acumulando um ganho de 2,4% no ano, e dos outros serviços (0,7% m/m), avançando após ter registrado forte retração em janeiro (-8,6% m/m). Vale ressaltar, por outro lado, que Transportes já conta com sete desacelerações consecutivas na comparação anual (5,2% a/a em fev/23, ante 5,5% a/a e 10,2% a/a em jan/23 e dez/22, respectivamente), mostrando que há uma tendência de perda de tração da atividade que mais contribui atualmente para o índice. O contraponto que explica o bom desempenho de fevereiro vem da demanda crescente do agronegócio pelo transporte rodoviário de carga (2,0% a/a ante -2,3% a/a em janeiro) beneficiada por uma melhora dos negócios no mês.
Em sentido oposto, como influência negativa, serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,0% m/m) sofreu novo recuo, acumulado queda de 3,1% no ano, e serviços prestados às famílias (-0,7% m/m) eliminou parte do ganho (3,5%) observado em dezembro e janeiro. No entanto, na comparação anual, este tipo de atividade já conta com quatro avanços consecutivos (com 11,5% a/a em fevereiro), indicando ainda uma tendência positiva. Assim, no geral, os serviços prestados às famílias ainda se encontram 4,2% abaixo do patamar pré-pandemia, sendo o único entre os cinco segmentos que ainda não se recuperou nessa comparação.
A média móvel trimestral foi de 0,3% no trimestre encerrado em fevereiro de 2023 frente ao mês anterior. Entre os setores, ainda na série com ajuste sazonal, todas as cinco atividades avançaram frente ao nível do trimestre encerrado em janeiro.
Em fevereiro de 2023, o índice de atividades turísticas caiu 0,7% m/m, após ter avançado por dois meses seguidos, período em que acumulou um ganho de 5,5%. Com isso, o segmento de turismo se encontra 1,9% acima do patamar de fevereiro de 2020 e 5,2% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014.
Diante disso, o resultado demonstra que o setor de serviços ainda pode ser beneficiado pelas atividades de tecnologia da informação e transportes, o que pode ser explicado pela mudança no perfil de consumo impulsionado durante a pandemia (comércio eletrônico e serviços de streaming). Entretanto, é possível observar a perda de dinamismo do setor de serviços, sobretudo justamente dos setores de tecnologia da informação e dos transportes, devido à forte expansão ocorrida desde o início da pandemia, que eleva a base de comparação, sem contar com o contexto macroeconômico mais adverso. Além disso, os serviços prestados às famílias também apontam nesta direção, sinalizando que a política monetária contracionista, somada à deterioração nos indicadores de crédito das pessoas físicas, deve pesar sobre esta abertura nas próximas leituras. Em nossa avaliação, o resultado de fevereiro, embora tenha registrado uma expansão acima da expectativa do mercado, não deve ser interpretado como uma mudança na tendência de desaceleração ao longo de 2023. Nossas projeções indicam que a conjuntura atual mais adversa compensará os vetores positivos advindos do mercado de trabalho (baixo desemprego e expansão da massa salarial) e, em menor magnitude, das políticas de expansão da renda aprovadas pelo governo (valorização do salário-mínimo e transferência de renda). Assim, os próximos resultados do setor serão influenciados por vetores que atuarão em ambas as direções, de modo que, esperamos uma leve expansão próximo à estabilidade do setor de serviços ao longo de 2023.