Em janeiro, o setor de serviços apresentou contração de 3,1% m/m frente ao mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, significativamente pior do que o consenso de mercado, cuja projeção era de queda de 1,4% m/m (Broadcast+). Na comparação interanual, houve expansão de 6,1% a/a, o vigésimo terceiro avanço consecutivo nessa métrica. Com este resultado, elimina-se o ganho acumulado observado nos meses de novembro e dezembro de 2022, evidenciando a perda de dinamismo do setor diante do cenário macroeconômico adverso, sobretudo no que diz respeito à política monetária contracionista e pela deterioração observada no mercado de crédito.
Houve revisão negativa nos meses de novembro (saiu de -0,4% m/m para 0,1% m/m) e de dezembro (3,1% m/m para 2,9% m/m). Com isso, o setor de serviços se encontra 10,3% acima do nível pré-pandemia, deixando carrego de -1,2% para o primeiro trimestre e de 1,5% para o ano de 2023. Vale destacar que, embora o setor tenha se contraído em janeiro, este ainda se encontra próximo (-3,1%) do ponto mais elevado da série histórica (dez/22).
No mês de janeiro, três das cinco atividades investigadas acompanharam a retração, com destaque para Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correios (-3,7% m/m), que eliminou o ganho de 3,2% das duas últimas leituras diante da contração de 9,0% m/m do subgrupo de Armazenagem, serviços auxiliares dos transportes e correios assim como a contração de 5,9% m/m no Transporte de aéreo de passageiros; e Outros serviços (-9,9% m/m), que devolveu integralmente a expansão de 9,4% de dezembro que foi beneficiado pelo recebimento de receitas atípicas no mês anterior. O outro recuo do mês veio dos Serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,5% m/m), após terem registrado expansão de 3,8% no período novembro-dezembro de 2022.
Em sentido oposto, Informação e comunicação (1,0% m/m), que recuperou parte da queda acumulada no último bimestre de -2,5% diante do bom desempenho dos serviços de Telecomunicações que apresentaram alta de 8,1% m/m, e Serviços prestados às famílias (1,0% m/m), com o segundo avanço consecutivo beneficiado pelo avanço dos serviços ligados às atividades de Alojamento e Alimentação, exerceram as contribuições positivas do mês.
Em janeiro de 2023, o índice de atividades turísticas apontou avanço de 0,5% frente ao mês imediatamente anterior, segundo resultado positivo seguido, período em que acumulou um ganho de 5,3%. Com isso, o segmento de turismo se encontra 2,5% acima do patamar de fevereiro de 2020 e 4,6% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014. A média móvel trimestral foi de -0,1% m/m no trimestre encerrado em janeiro de para a PMS. Entre os setores, três das cinco atividades recuaram frente ao nível do trimestre terminado em dezembro de 2022, o que demonstra, mais uma vez, a perda de tração do setor.
Diante disso, o resultado do primeiro mês de 2023 reverteu os ganhos acumulados nos meses anteriores, surpreendendo negativamente o mercado que projetava uma contração menos pronunciada. Na nossa avaliação, o resultado reforça nosso cenário de que a conjuntura atual, marcada por uma política monetária significativamente contracionista e deterioração nos indicadores de crédito, sobretudo no que diz respeito ao crédito livre e à inadimplência das famílias, compensará os vetores positivos advindos do mercado de trabalho (baixo desemprego e expansão da massa salarial) e das políticas de transferência de renda do governo. Vale ressaltar que o resultado negativo no mês foi disseminado e caracterizou a primeira retração mensal do índice média móvel em quinze leituras. Outro ponto que merece atenção é o movimento de perda de força da métrica interanual que, apesar do avanço de 0,1 p.p. em janeiro, teve duas quedas consecutivas no final do último ano, acumulando -3,7 p.p. frente a outubro. Assim, os próximos resultados do setor serão influenciados por vetores que atuarão em ambas as direções, de modo que esperamos uma leve expansão próximo à estabilidade dos Serviços em 2023.