Em novembro, o setor de serviços apresentou estabilidade (0,0%) frente ao mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, pior que a estimativa mediana do mercado de 0,2% m/m (Bloomberg). Na comparação interanual, houve avanço de 6,3% a/a, vigésimo primeiro avanço consecutivo. No acumulado do ano, o volume de serviços avançou 8,5% frente a igual período do ano anterior, e o acumulado nos últimos doze meses assinalou perda de dinamismo ao passar de 9,0% em outubro para 8,7%, menor resultado desde outubro de 2021.
Houve revisão positiva no recuo do mês anterior, de -0,6% m/m para -0,5% m/m. Com isso, o setor de serviços se encontra 10,7% acima do nível pré-pandemia e 0,5% abaixo do ponto mais alto da série (set/22), deixando carrego de 0,3% para o 4º trimestre e de 8,0% para o ano de 2022.
No mês de novembro, a variação nula foi composta pelo recuo de três dos cinco grupos que o compõem. O destaque foi informação e comunicação (-0,7%), que eliminou parte do ganho acumulado no período julho-outubro (5,1%). As demais retrações do mês vieram de outros serviços (-2,2%), eliminando boa parte do avanço de 2,8% em outubro, e de serviços prestados às famílias (-0,8%). Este grupo teve seu segundo mês de recuo, acumulando baixa de 2,1% no período, o que faz com que esteja 6,7% abaixo do nível pré-pandemia e 14,9% abaixo do pico da série (maio/14).
Por outro lado, o segmento de transportes interrompeu a sequência de duas quedas consecutivas (0,3%), período em que acumulou queda de 2,0%. Além disso, o grupo profissionais, administrativos e complementares (0,2%) mostrou ligeiro acréscimo após o recuo de 0,9% em outubro.
Em novembro de 2022, o índice de atividades turísticas decresceu 0,1% frente a outubro, segundo resultado negativo seguido, período em que acumulou perda de 2,7%. O segmento de turismo encontra-se 2,5% abaixo do patamar de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 9,6% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014.
A média móvel trimestral também apontou estabilidade (0,0%) no trimestre encerrado em novembro de 2022 frente ao mês anterior, interrompendo, assim, a sequência de taxas positivas entre abril e outubro. Ante novembro de 2021, o volume de serviços avançou 6,3%, sua vigésima primeira taxa positiva seguida. O resultado deste mês trouxe expansão em todas as cinco atividades e contou ainda com crescimento em 59,6% dos 166 tipos de serviços investigados. Por fim, o índice de difusão do indicador geral passa de 67,5% em outubro para 59,6% em novembro.
Diante disso, após acumular alta de 5,8% entre março e setembro, os dois últimos meses sinalizam uma perda de fôlego do setor que, como apontamos ao longo do ano passado, foi o principal motor da recuperação da atividade pós-pandemia. Esta dinâmica é reflexo de uma normalização do segmento, que já não conta com a euforia da retomada, bem como da política monetária restritiva para combater a inflação e a escalada do risco fiscal. Em nossa avaliação, o resultado está em linha com o cenário de gradativa desaceleração da economia nos próximos meses, devido aos juros mais altos e à elevação da taxa de inadimplência dos consumidores. Entretanto, seguimos com um viés otimista para o setor, uma vez que o carrego estatístico ainda é forte. Como pontos positivos, os efeitos inerciais da recuperação do mercado de trabalho em 2022, somados às políticas de impulso à demanda que deverão ser aprovadas no próximo governo, beneficiarão o setor de serviços. Os próximos resultados do setor serão, portanto, influenciados tanto por esses vetores de incentivo, como pelas limitações do encarecimento do crédito e aumento do risco fiscal em 2023.