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Publicado em 13 de Dezembro às 14:54:14

Setor de Serviços (out/23): Resultado acende alerta para a desaceleração da economia

Em outubro, o setor de serviços recuou 0,6% m/m, na série com ajuste sazonal, abaixo da mediana das estimativas de 0,0% m/m (Broadcast+). Ademais, houve revisões mistas nos números dos meses anteriores, com destaque para a revisão da leitura de agosto que originalmente apontou para uma contração de 0,9% m/m e, após duas revisões consecutivas, sinaliza que o setor apresentou contração de 1,4% m/m no período. Na comparação interanual, houve contração de 0,4% a/a. Com este resultado, no acumulado desse ano a alta chega a 3,1%, enquanto na métrica da variação acumulada em doze meses (em relação ao período anterior de doze meses), o crescimento saiu de 4,4% em set/23 para 3,6% em out/23, reforçando a nossa visão desaceleração do setor ao longo do ano diante do cenário macroeconômico ainda adverso.

Com este resultado, o setor de serviços se encontra 10,2% acima do período observado antes da pandemia e 3,2% abaixo do nível mais elevado da série histórica (dez/22), deixando um carrego estatístico de 1,3% para o quarto trimestre de 2023 e de 2,1% para o ano.

Na comparação mensal, duas das cinco atividades investigadas acompanharam a retração do índice, com destaque para Transportes (-2,0% m/m), acumulando perda de 4,3% entre agosto e outubro, e Serviços prestados às famílias (-2,1% m/m), eliminado quase todo o desempenho positivo observado no mês anterior. Tal movimento observado no setor de transportes está relacionado com a queda no volume de transporte de cargas, que apontou retração de 2,3%, impactado pelo fim das colheitas recordes e pela expectativa de uma safra menor no próximo ano. Além disso, o desemprenho negativo dos Serviços prestados às famílias já era esperado uma vez que o desempenho observado no mês anterior foi influenciado pela realização de festivais musicais, cujos efeitos não se perpetuaram.  Por outro lado, os Serviços profissionais, administrativos e complementares (1,0% m/m) e os de Informação e comunicação (0,3% m/m) apresentaram os únicos desempenhos positivos do mês. Por fim, os Outros serviços apresentaram estabilidade no mês após um recuo de 2,0% no período entre agosto e setembro.

Na comparação anual, o volume do setor de serviços recuou 0,4%, a segunda queda consecutiva, interrompendo a sequência de 30 taxas positivas consecutivas observada até setembro. Nesse sentido, três das cinco atividades acompanharam a variação negativa do índice, com destaque para Outros serviços (-4,2% a/a) e Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correios (-1,2% a/a). Além disso, Informação e comunicação (-0,5%) também apresentou desempenho negativo, influenciado pela menor receita vinda de suporte técnico, manutenção e outros serviços em tecnologia da informação; portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na Internet; operadoras de TV por assinatura por satélite; e TV aberta. Em sentido oposto, os Serviços profissionais, administrativos e complementares (3,9%) e os Serviços prestados às famílias (0,1% a/a) foram as únicas contribuições positivas.

Em outubro de 2023, o índice de atividades turísticas apresentou queda de 1,1% m/m.  Assim, o segmento de turismo se encontra 5,0% acima do patamar de fevereiro de 2020 e 2,4% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014.

O resultado de outubro corrobora a nossa visão de desaceleração da atividade ao longo do segundo semestre. Nesse sentido, vale destacar a desaceleração do setor de transportes e armazenagem tendo em vista a dissipação dos efeitos positivos da produção agrícola. Além disso, a queda dos Serviços prestados às famílias retomou sua trajetória de desaceleração, uma vez que o resultado no mês anterior (2,5% m/m) foi influenciado positivamente pela realização de festivais musicais, cujos efeitos não são recorrentes. Dessa forma, a conjuntura mais adversa, sobretudo no que diz respeito aos indicadores de mercado de crédito livre para as famílias e o endividamento em níveis historicamente elevados combinadas à uma taxa de juro ainda significativamente restritiva devem funcionar como vetores negativos para a dinâmica do setor ao longo do ano.  Assim, esperamos -0,3% t/t para o PIB do quarto trimestre e 2,9% para o PIB de 2023.

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