Em outubro, o setor de serviços avançou 1,1% m/m na comparação mensal, vindo próximo do teto das projeções de mercado (Broadcast+) e renovou o patamar mais elevado já registrado em sua série histórica. Na comparação interanual, a expansão foi de 6,3% a/a, superando também o consenso de mercado que tinha como projeção mediana uma alta de 5,5% a/a.
O desempenho do setor de serviços em outubro surpreendeu significativamente o mercado, sugerindo que a atividade econômica neste início de quarto trimestre está mais robusta do que o antecipado. O grande destaque no mês ficou por conta do desempenho do setor de transportes (4,1% m/m), sendo puxado pelo forte desempenho do transporte aéreo (27,1% m/m) que refletiu o efeito da queda nos preços das passagens aéreas.
Na nossa avaliação, os números de outubro, apesar de apontarem para uma certa moderação na performance do setor de serviços, visto que apenas duas das cinco grandes categorias analisadas apresentaram avanço no mês, sugerem que a desaceleração esperada para o último trimestre do ano deve ser mais branda do que o esperado. Nesse contexto, avaliamos que o resultado de hoje de serviços adiciona um viés altista tanto para a nossa projeção de crescimento de 0,3% t/t do PIB do 4T24 quanto para as nossas projeções de inflação e Selic para 2025.
Com o resultado de outubro, o setor de serviços se encontra 17,8% acima do nível observado no pré-pandemia (fev/20), refletindo os significativos avanços no setor de serviços de informação e comunicação (+25,5%) e serviços de transporte (23,0%) desde então. Além disso, o setor de serviços deixa um carrego estatístico de 1,7% para o último trimestre e de 3,2% para o ano de 2024.
Entre as grandes categorias, a expansão do setor de serviços teve como principais destaques as altas observadas nos serviços profissionais, administrativos e complementares (1,6% m/m), refletindo a alta de 3,8% m/m na alta do serviços técnico-profissionais ter sido parcialmente compensado pela queda de 0,2% m/m de serviços administrativos e complementares, e dos serviços de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correios (4,1% m/m), se beneficiando da alta de 27,1% m/m do serviço de transporte aéreo. Como destaques negativos, tivemos o desempenho dos serviços prestados às famílias (-0,1% m/m), decorrente da queda de 15,0% m/m de outros serviços prestados às famílias que, na nossa avaliação, reflete a devolução da forte alta observada no mês imediatamente anterior (Rock in Rio), e dos serviços de informação e comunicação (-1,0% m/m).
De maneira geral, apesar da política monetária contracionista, o setor de serviços apresentou um desempenho robusto no início do último trimestre de 2024. A leitura de outubro impõe um viés altista para a nossa projeção de crescimento para o ano. Se, por um lado, essa robustez contribui para uma melhora dos indicadores de arrecadação do governo, por outro, constitui um fator de risco relevante para a dinâmica prospectiva da inflação. Nesse contexto, acreditamos que os números de hoje corroboram o cenário esperado de aceleração do ritmo de alta da Selic na reunião do Copom de dezembro.