Em setembro, o setor de serviços avançou pelo quinto mês consecutivo, crescendo 0,9% m/m na comparação com agosto, melhor que a expectativa mediana do mercado que aguardava um aumento de 0,3% m/m (Bloomberg) e da nossa projeção que apontava para uma expansão de 0,4% m/m. Na comparação interanual, houve crescimento de 9,7% a/a.
Houve revisão positiva no crescimento do mês anterior de 0,7% m/m para 1,1% m/m e em junho que passou de 0,9% m/m para 1,0% m/m. Com o resultado do mês de setembro e a revisão na série, o setor de serviços se encontra 11,8% acima do nível pré pandemia, deixando carrego de 1,0% para o 4º trimestre e de 8,3% para o ano de 2022. Diante da forte expansão do setor de serviços nos últimos meses, este se encontra no ponto mais alto da série histórica, superando o patamar obtido em novembro de 2014.
No mês de setembro, houve crescimento em três dos cinco grandes grupos, com destaque para os crescimentos dos segmentos de Informação e Comunicação (2,0% m/m), que registrou o terceiro resultado positivo seguido e ganho acumulado de 4,1%; e dos Serviços Prestados às Famílias (1,0% m/m). Vale destacar que o primeiro grupo vem se beneficiando desde o início da pandemia com a expansão do teletrabalho e da digitalização de serviços. Por sua vez, os Serviços Prestados às Famílias avançaram pelo sétimo mês consecutivo, acumulando ganhos de 11,7% no período, beneficiado pela melhora no mercado de trabalho, normalização do perfil de consumo das famílias, da aprovação das medidas de impulso à demanda e do fim da pandemia. Entretanto, este grupo segue 3,9% abaixo do nível pré-Covid.
Por outro lado, apenas os grupos de Transportes e Outros Serviços apresentaram quedas no mês de 0,1% m/m e 0,3% m/m, respectivamente. A contribuição negativa do segmento de Transportes decorreu de a alta de 1,6% m/m do transporte de passageiros ter sido compensada por uma contração de 0,5% m/m do transporte de cargas que se encontra 0,5% abaixo do ponto mais elevado de sua série histórica, alcançado no mês anterior. Já o transporte de passageiros se encontra 1,6% acima do nível pré-pandemia e 21,0% abaixo de fevereiro de 2014 (o ponto mais alto da série histórica).
Com o resultado de setembro, na comparação trimestral, o setor de serviços avançou 3,2% t/t em relação ao 2º trimestre de 2022 com ganhos observados em todos os grandes grupos pesquisados. Os principais destaques vão para as altas de 2,6% t/t dos Serviços Prestados às Famílias; 2,5% t/t dos Serviços de Informação e Comunicação; 4,1% t/t dos Serviços de Transportes; e de 1,3% dos Outros Serviços.
Os serviços apresentaram um forte resultado pelo quarto mês consecutivo, vindo significativamente melhor que o consenso de mercado. Este fato sinaliza a resiliência do setor mesmo diante de uma política monetária significativamente contracionista, que vem encarecendo o custo do crédito. Nossa avaliação sugere que a melhora do mercado de trabalho, observada tanto em termos da expansão da população ocupada quanto dos aumentos dos salários reais e da massa de rendimento nos últimos meses; a aprovação de medidas de impulso à demanda (FGTS e Auxílio Brasil, por exemplo); o arrefecimento da inflação; e a normalização do perfil de consumo que tende a beneficiar o consumo de serviços em detrimento ao de bens são os principais fatores contribuintes para o bom desempenho do setor nos últimos meses e devem continuar beneficiando as próximas leituras. Nesse sentido, mantemos o nosso viés positivo para o setor ao longo dos próximos meses, entretanto, em um ritmo mais moderado do que o observado nos meses de agosto e setembro. Com o resultado de setembro, mantemos a nossa projeção de crescimento do PIB em 3,0% para o ano de 2022.