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Publicado em 24 de Maio às 13:51:47

Setor Externo (abr/24): Déficit em transações correntes surpreende para cima e IDP é impactado negativamente pelo aumento das incertezas

No mês de abril, as transações correntes do balanço de pagamentos registraram déficit de US$ 2,5 bilhões, ante resultado negativo de US$ 247 milhões no mesmo mês de 2023. O resultado veio abaixo do piso das projeções de mercado (US$ -2,49 bilhões, Broadcast+), mas um pouco melhor do que a nossa previsão de déficit de US$ 2,9 bilhões. No acumulado dos últimos doze meses encerrados em abril o déficit foi de US$ 35,3 bilhões (1,57% do PIB), numa clara piora em relação aos US$ 33,0 bilhões do mês de março.

No que se refere à balança comercial de bens, foi registrado um superávit de US$ 6,8 bilhões, ante US$ 7,4 bilhões em abril de 2023. As exportações de bens totalizaram US$ 31,4 bilhões, alta de 11,7% a/a, ante queda de 14,7% a/a no mês imediatamente anterior. As importações também interromperam a queda na métrica interanual, saindo de uma contração de 1,9% a/a em março para um avanço de 18,6% a/a em abril, totalizando US$ 24,6 bilhões. No acumulado dos últimos doze meses, o superávit foi de US$ 79,8 bilhões (US$ 349,4 bilhões em exportações e US$ 269,6 bilhões em importações).

A conta de serviços registrou déficit de US$ 4,0 bilhões em abril, uma alta de 26,9% a/a (déficit de US$ 3,1 bilhões no mesmo mês de 2023). As despesas líquidas com viagens internacionais recuaram 30,5% a/a e somaram US$ 544 milhões, sendo fortemente impactadas pela desvalorização do real no período. Por sua vez, a conta de transportes registrou despesas líquidas de US$ 1,4 bilhão, alta de 36,5% a/a.

O déficit em renda primária foi de US$ 5,5 bilhões em abril, alta de 25,0% a/a comparativamente ao déficit de US$ 4,4 bilhões do mesmo mês de 2023. As despesas líquidas de lucros e dividendos, associadas aos investimentos direto e em carteira, totalizaram US$ 3,7 bilhões, ante US$ 3,2 bilhões em abril de 2023, um avanço de 15,1% a/a. Já as despesas líquidas com juros somaram US$ 1,8 bilhões no quarto mês de 2024, ante US$ 1,2 bilhão no mesmo período de 2023, alta de 53,4% a/a. O maior vigor da atividade econômica nesse início de ano se manifestou não só nos dados mais fortes de importações e da balança de serviços, como também na balança de renda primária.

Os investimentos em carteira no mercado doméstico registraram egressos líquidos de significativos US$ 6,7 bilhões em abril, compostos por um fluxo negativo de US$ 620 milhões em fundos de investimento e em ações, resultante de um desinvestimento de US$ 1,25 bilhão em ações brasileiras e de um ingresso líquido de US$ 630 milhões em fundos. O montante restante de US$ 6,1 bilhões foi relativo à saída líquida de investimentos em renda fixa (títulos de dívida). O fato de o investimento líquido negativo ter se dado majoritariamente em ativos de renda fixa esteve associado ao movimento de adiamento do início do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos, com a perspectiva de manutenção das taxas de juros mais elevadas contribuindo para deixar os títulos do governo norte-americano mais atrativos.

Em relação à conta financeira, o Investimento Direto no País (IDP) totalizou ingressos líquidos de US$ 3,9 bilhões em abril, acima do número registrado em no mesmo mês de 2023 (US$ 3,1 bilhões), mas vindo abaixo da mediana das projeções dos analistas (US$ 4,65 bilhões, Broadcast+). O resultado de abril levou o IDP acumulado em doze meses para US$ 67,3 bilhões (3,01% do PIB). Além do movimento externo de revisão do cenário de juros, o IDP de abril também foi impactado negativamente pela redução das operações intercompanhia, que haviam sido bem expressivas no mês de março. Já as perspectivas futuras para o IDP devem continuar mais negativas por conta da reavaliação do patamar do diferencial de juros entre o Brasil e os EUA, que agora deve levar mais tempo para voltar a aumentar. Apesar de o IDP ainda continuar a financiar os déficits em transações correntes no curto prazo, a tendência é que essa folga seja comprimida com o passar do tempo à medida que a atividade econômica mais aquecida comece a pressionar cada vez mais a conta corrente, gerando déficits cada vez maiores.

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