No mês de dezembro, as transações correntes do balanço de pagamentos registraram déficit de US$ 5,8 bilhões, ante resultado negativo de US$ 7,5 bilhões no mesmo mês de 2022. O resultado veio melhor do que a mediana de mercado (-US$ 7,4 bilhões, Broadcast+). Com isso, a conta corrente fechou o ano de 2023 com um déficit de US$ 28,6 bilhões, um pouco abaixo do déficit de US$ 31,0 bilhões esperado por nós.
No que se refere à balança comercial de bens, foi registrado um superávit de US$ 7,3 bilhões, ante US$ 2,9 bilhões em dezembro de 2022, mantendo o superávit expressivo dos últimos meses. As exportações de bens totalizaram US$ 29,1 bilhões, alta de 7,4% a/a, ante queda de 0,8% a/a no mês imediatamente anterior. Já as importações acentuaram a queda na métrica interanual, saindo de um recuo de 9,3% a/a em novembro para um de 9,8% a/a em dezembro, totalizando US$ 21,8 bilhões. No acumulado de 2023, o superávit foi de US$ 80,5 bilhões (US$ 344,4 bilhões em exportações e US$ 263,9 bilhões em importações), bem próximo da nossa estimativa de US$ 81,4 bilhões (US$ 327,6 bilhões em exportações e US$ 246,2 bilhões em importações).
A conta de serviços registrou déficit de US$ 3,8 bilhões em dezembro, uma alta de 5,3% a/a (déficit de US$ 3,6 bilhões no mesmo mês de 2022). As despesas líquidas com viagens internacionais recuaram 20,1% a/a e somaram US$ 459 milhões, deixando de se beneficiar de uma base de comparação depreciada da época da pandemia. Por sua vez, a conta de transportes registrou despesas líquidas de US$ 1,3 bilhão, recuo de 7,9% a/a, ainda refletindo menores gastos com fretes diante do arrefecimento dos gargalos nas cadeias globais de produção, que foram responsáveis por elevar o custo do frete global no pós-pandemia.
O déficit em renda primária disparou para US$ 9,3 bilhões em dezembro, alta de 30,9% a/a comparativamente ao déficit de US$ 7,1 bilhões do mesmo mês de 2022. As despesas líquidas de lucros e dividendos, associadas aos investimentos direto e em carteira, totalizaram US$ 4,4 bilhões, ante US$ 4,2 bilhões em dezembro de 2022, encerrando 2023 com um déficit de US$ 45,0 bilhões, marginalmente pior do que os US$ 43,2 bilhões esperados por nós. Já as despesas líquidas com juros somaram US$ 4,9 bilhões no último mês de 2023, ante US$ 2,9 bilhões no mesmo período de 2022.
Os investimentos em carteira no mercado doméstico registraram saídas líquidas de US$ 832 milhões em dezembro de 2023, compostos por um fluxo positivo de US$ 51 milhões em fundos de investimento e em ações brasileiras, resultante de uma entrada líquida de US$ 558 milhões em ações brasileiras e de uma saída líquida de US$ 507 milhões em fundos. O montante restante de US$ 883 milhões foi relativo a retiradas líquidas de títulos de dívida.
Em relação à conta financeira, o Investimento Direto no País (IDP) totalizou egressos líquidos de US$ 389 milhões em dezembro, número próximo do registrado em dezembro de 2022 (-US$ 479 milhões), mas vindo bem abaixo do piso das projeções dos analistas (US$ 4,5 bilhões, Broadcast+). Esse número mais desfavorável de dezembro veio em linha com o cenário global de tendência de queda nos fluxos de IDP. Com o ciclo de afrouxamento monetário por parte dos principais bancos centrais devendo ter início esse ano, devemos observar alguma recuperação do IDP global em 2024, de modo que ele deve continuar a financiar os déficits em transações correntes com alguma folga. Com o resultado de dezembro, o IDP encerrou o ano em US$ 62,0 bilhões (2,85% do PIB), marginalmente acima da nossa projeção (US$ 60,3 bilhões).