No mês de janeiro, as transações correntes do balanço de pagamentos registraram déficit de US$ 5,1 bilhões, ante resultado negativo de US$ 9,0 bilhões no mesmo mês de 2023. O resultado veio melhor do que a mediana de mercado (-US$ 5,6 bilhões, Broadcast+). No acumulado dos últimos doze meses encerrados em janeiro, o déficit foi de US$ 24,7 bilhões (1,12% do PIB), ante US$ 28,6 bilhões (1,31% do PIB) em dezembro de 2023.
No que se refere à balança comercial de bens, foi registrado um superávit de US$ 4,4 bilhões, ante US$ 884 milhões em janeiro de 2023, significativamente melhor do que o superávit de um ano atrás, mas bem menor do que o superávit expressivo observado nos últimos meses, impactado pela sazonalidade desfavorável de janeiro. As exportações de bens totalizaram US$ 27,3 bilhões, alta de 18,7% a/a, ante crescimento de 7,2% a/a no mês imediatamente anterior. Já as importações reverteram a queda na métrica interanual, saindo de um recuo de 9,8% a/a em dezembro para uma alta de 3,7% a/a em janeiro, totalizando US$ 23,0 bilhões. No acumulado dos últimos doze meses, o superávit foi de US$ 84,1 bilhões (US$ 348,7 bilhões em exportações e US$ 264,7 bilhões em importações).
A conta de serviços registrou déficit de US$ 3,3 bilhões em janeiro, uma alta de 36,8% a/a (déficit de US$ 2,4 bilhões no mesmo mês de 2023). As despesas líquidas com viagens internacionais recuaram 25,3% a/a e somaram US$ 479 milhões, deixando de se beneficiar de uma base de comparação depreciada da época da pandemia. Por sua vez, a conta de transportes registrou despesas líquidas de US$ 1,3 bilhão, queda de 3,5% a/a. Apesar desse recuo, o cenário prospectivo dos próximos meses é de pressões altistas sobre os preços dos fretes em decorrência dos navios estarem evitando a rota do Mar Vermelho.
O déficit em renda primária foi de US$ 6,3 bilhões em janeiro, queda de 16,4% a/a comparativamente ao déficit de US$ 7,5 bilhões do mesmo mês de 2023. As despesas líquidas de lucros e dividendos, associadas aos investimentos direto e em carteira, totalizaram US$ 2,5 bilhões, ante US$ 4,0 bilhões em janeiro de 2023, uma queda de 38,3% a/a. Já as despesas líquidas com juros somaram US$ 3,9 bilhões no primeiro mês de 2024, ante US$ 3,6 bilhões no mesmo período de 2023, alta de 8,5% a/a.
Os investimentos em carteira no mercado doméstico registraram entradas líquidas de US$ 3,5 bilhões em janeiro de 2024, compostos por um fluxo negativo de US$ 802 milhões em fundos de investimento e em ações, resultante de um desinvestimento de US$ 1,4 bilhão em ações brasileiras e de um ingresso líquido de US$ 553 milhões em fundos. O montante restante de US$ 4,3 bilhões foi relativo a ingressos líquidos em títulos de dívida. Adicionalmente, vale destacar a emissão de US$ 4,5 bilhões em títulos de longo prazo no mercado externo por parte do Tesouro Nacional.
Em relação à conta financeira, o Investimento Direto no País (IDP) totalizou ingressos líquidos de US$ 8,7 bilhões em janeiro, bem acima do número registrado em no mesmo mês de 2023 (US$ 6,5 bilhões), e superando também o teto das projeções dos analistas (US$ 8,4 bilhões, Broadcast+). O resultado de janeiro levou o IDP acumulado em doze meses para US$ 64,2 bilhões (2,92% do PIB). Com o ciclo de afrouxamento monetário por parte dos principais bancos centrais devendo ter início esse ano, devemos observar, principalmente a partir do segundo semestre, um aumento do diferencial de juros entre o Brasil e os países desenvolvidos, o que deve levar a uma recuperação do IDP em 2024. Com isso, ele deve continuar a financiar os déficits em transações correntes com alguma folga, apesar do menor saldo positivo da balança comercial esse ano devendo levar a um maior déficit na conta corrente.