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Publicado em 26 de Agosto às 13:23:47

Setor Externo (Jul/25): Apesar da recuperação, investimento direto não foi suficiente para financiar o déficit em transações correntes

No mês de julho, as transações correntes do balanço de pagamentos registraram déficit de US$ 7,1 bilhões, ante resultado negativo de US$ 5,2 bilhões no mesmo mês de 2024. O resultado veio abaixo do piso das projeções de mercado (US$ -6,8 bilhões, Broadcast+) e pior do que a nossa projeção (US$ -5,7 bilhões). Nos últimos doze meses o resultado foi de US$ -75,3 bilhões (3,50% do PIB), registrando forte piora em relação aos US$ -30,7 bilhões (1,37% do PIB) do mesmo período de 2024.

No que se refere à balança comercial de bens, foi registrado um superávit de US$ 6,5 bilhões em julho, abaixo dos US$ 7,0 bilhões do mesmo mês do ano passado. As exportações de bens totalizaram US$ 32,6 bilhões, registrando alta de 4,8% a/a por conta do movimento de antecipação dos embarques após a imposição por parte dos EUA da tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros. As importações, por sua vez, atingiram US$ 26,1 bilhões, apresentando uma alta expressiva de 8,3% a/a e alcançando US$ 26,1 bilhões. Em agosto, as exportações podem ser impactadas significativamente por conta do “tarifaço”, enquanto as importações devem continuar robustas em decorrência da atividade econômica aquecida, o que deve pesar sobre o saldo da balança comercial.

A conta de serviços registrou déficit de US$ 5,0 bilhões em julho, uma alta de apenas 0,3% a/a. Nos 12 meses findos em julho o déficit foi de US$ 56,5 bilhões, mas deve sofrer uma melhora no 2º semestre. As despesas líquidas com viagens internacionais somaram US$ 1,6 bilhão, uma alta de 34,1% a/a em relação ao US$ 1,2 bilhão registrado em julho de 2024. Já a conta de transportes registrou despesas líquidas de US$ 1,1 bilhão, queda de 16,6% a/a.

O déficit em renda primária foi de US$ 8,9 bilhões em julho, registrando uma alta de 18,1% a/a comparativamente ao déficit de US$ 7,5 bilhões do mesmo mês de 2024. Em 12 meses, o déficit da balança de renda primária foi de US$ 76,4 bilhões, patamar próximo ao que esperamos que encerre o ano (US$ 75,0 bilhões). As despesas líquidas de lucros e dividendos, associadas aos investimentos direto e em carteira, totalizaram US$ 4,7 bilhões, ante US$ 3,2 bilhões em julho de 2024, um avanço de 48,2% a/a. Por sua vez, as despesas líquidas com juros somaram US$ 4,2 bilhões em julho, em linha com a sazonalidade do período.

Em julho, os investimentos em carteira no mercado doméstico registraram os seguintes fluxos associados as 3 principais categorias de investimento: ativos de renda fixa (US$ 908 milhões), fundos (US$ -121 milhões) e ações (US$ -979 milhões). Com isso, o resultado líquido agregado foi de US$ -2,0 bilhões no mês, por conta da incerteza gerada pelo tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras.

No tocante a conta financeira, o Investimento Direto no País (IDP) totalizou ingressos líquidos de US$ 8,3 bilhões em julho, resultado que veio além do teto das estimativas do mercado (US$ 7,9 bilhões, Broadcast+). Diferentemente de junho, tanto o item de participação no capital como o de operações intercompanhia registraram entradas líquidas em julho, de US$ 6,8 bilhões e US$ 1,5 bilhão respectivamente. Na métrica em 12 meses, o IDP (US$ 68,2 bilhões, 3,17% do PIB) ficou ainda mais aquém do déficit em transações correntes (US$ 75,3 bilhões, 3,50% do PIB). Apesar de ainda financiável, o Brasil se depara com um cenário difícil nas contas externas e para o qual ainda há perspectiva de piora até o final do ano, deixando apenas a desvalorização cambial ou o arrefecimento da atividade econômica como instrumentos para ajustar esses desequilíbrios das contas externas brasileiras.

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