As transações correntes registraram déficit de US$4,1 bilhões em julho, ante déficit de US$1,2 bilhão no mesmo mês do ano passado. A expectativa do mercado era déficit de 3,8 bilhões. Em doze meses, o déficit em transações correntes somou US$36,6 bilhões (2,1% do PIB). O resultado mais negativo para julho decorreu de uma balança comercial mais fraca e uma pressão maior na conta de serviços.
Na comparação interanual, houve redução de US$2,1 bilhões no saldo da balança comercial e aumento dos déficits na conta de serviços (US$790 milhões) e renda primária (US$179 milhões). Por outro lado, houve aumento do superávit na renda secundária em US$115 milhões.
A balança comercial registrou superávit de US$4,2 bilhões, ante saldo positivo de US$6,3 bilhões no mesmo mês do ano passado. As exportações apresentaram aceleração, totalizando US$30,2 bilhões, porém as importações avançaram ainda mais na variação interanual, alcançando US$26,1 bilhões. No acumulado do ano, o saldo da balança comercial é de US$30,1 bilhões, ante US$26,4 bilhões no mesmo período do ano passado.
Os serviços apresentaram déficit de R$2,1 bilhões, aumento de 59,2% em relação ao mesmo mês do ano passado. Vale destacar o aumento com a conta de viagens internacionais (de -US$229 milhões para -US$661 milhões) e de transportes (de -US$273 milhões para – US$726 milhões).
A conta de renda primária apresentou um déficit de US$6,5 bilhões similar ao observado no mesmo mês do ano anterior (déficit de 6,4 bilhões). Entretanto, na composição, vimos um maior aumento das despesas líquidas com lucros e dividendos (de -US$2,8 bi para -US$3,6 bi), enquanto a conta com juros ficou menos negativa (de -US$3,5 bi para -US$3,0 bi).
No acumulado do ano, as maiores diferenças em relação ao ano passado ocorrem na balança comercial, com o crescimento das exportações; na conta de lucros e dividendos com a recuperação econômica e o crescimento dos lucros; e entre os serviços na conta com viagens, com a flexibilização das restrições a mobilidade que permitiram o aumento de viagens internacionais.
Na conta financeira, o investimento direto no país (IDP) totalizou US$7,7 bilhões em julho, melhor que a expectativa do mercado (US$4,0 bilhões, Broadcast). O resultado advém do ingresso líquido na participação do capital (US$5,6 bilhões) e de US$2,1 bilhões em operações intercompanhia. Em doze meses, o IDP acumula US$65,6 bilhões (3,73% do PIB), ante US$44,9 bilhões no mesmo mês do ano anterior. Os investimentos vêm apresentando significativa recuperação nas últimas leituras, se aproximando dos patamares vistos antes da pandemia (entre 70 e 75 bilhões de dólares acumulados em 12 meses).
Os investimentos em carteira no mercado doméstico totalizaram saídas líquidas de US$60 milhões, com saídas líquidas de US$816 milhões em ações e fundos de investimento e entradas de US$755 milhões em títulos de dívida. Em doze meses, as saídas líquidas em carteira totalizaram US$269 milhões.
A tendência para o setor externo é que maior déficit em conta corrente nos próximos meses, diante do contexto macroeconômico atual. Com o avanço da atividade econômica, vemos um aumento das importações (que pressiona a balança comercial), uma elevação do déficit em serviços, principalmente por conta das viagens internacionais, e uma conta de renda primária também pressionada com o maior envio de lucros e dividendos.