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Publicado em 25 de Julho às 14:32:10

Setor Externo (jun/24): IDP surpreende no mês e reflete a melhora do cenário externo

No mês de junho, as transações correntes do balanço de pagamentos registraram déficit de US$ 4,0 bilhões, ante resultado negativo de US$ 182 milhões no mesmo mês de 2023. O resultado veio pior do que o consenso de mercado (-US$ 3,3 bi, Broadcast+), com déficit superando também a nossa previsão (-US$ 3,4 bilhões). No acumulado dos último doze meses encerrados em junho, o resultado foi de -US$ 31,5 bilhões (1,41% do PIB), em uma forte piora em relação aos -US$ 27,6 bilhões (1,23% do PIB) do mês de maio.

No que se refere à balança comercial de bens, foi registrado um superávit de US$ 6,0 bilhões, ante US$ 9,3 bilhões em junho de 2023. As exportações de bens totalizaram US$ 29,3 bilhões, queda de 1,8% a/a, ante recuo de 7,3% a/a no mês imediatamente anterior. As importações, por sua vez, atingiram US$ 23,3 bilhões, com a expansão de 13,7% a/a em junho após ter avançado 1,1% a/a em maio. Com este resultado, no acumulado dos últimos doze meses, o superávit foi de US$ 88,1 bilhões (US$ 344,9 bilhões em exportações e US$ 256,8 bilhões em importações).

A conta de serviços registrou déficit de US$ 4,1 bilhões em junho, uma alta de 10,7% a/a (déficit de US$ 3,7 bilhões no mesmo mês de 2023). As despesas líquidas com viagens internacionais recuaram 18,5% a/a e somaram US$ 740 milhões, se recuperando em relação a maio (US$ 714 milhões), mas ainda sofrendo com a desvalorização do real no período. Por sua vez, a conta de transportes registrou despesas líquidas de US$ 1,4 bilhão, alta de 18,2% a/a e as despesas líquidas de serviços de propriedade intelectual avançaram 82,8% a/a, totalizando US$ 793,0 milhões. Por fim, as despesas líquidas com aluguel de equipamentos aumentaram em 4,1% a/a, atingindo o nível de US$ 826 milhões. O maior vigor da atividade econômica nesse início de ano continua a se manifestar não só nos dados mais fortes de importações, como também da balança de serviços.

Já o déficit em renda primária foi de US$ 6,2 bilhões em junho, alta de 0,7% a/a comparativamente ao déficit de US$ 6,1 bilhões do mesmo mês de 2023. As despesas líquidas de lucros e dividendos, associadas aos investimentos direto e em carteira, totalizaram US$ 3,9 bilhões, ante US$ 3,6 bilhões em junho de 2023, um avanço de 5,9% a/a e foram parcialmente compensadas pelas despesas líquidas com juros que somaram US$ 2,3 bi em junho e queda de 5,5% a/a em relação ao mesmo período do ano anterior.

Em junho, os investimentos em carteira no mercado doméstico se recuperaram um pouco em relação a maio, registrando ingressos líquidos de US$ 555,4 milhões. Esse montante foi composto por um fluxo negativo de US$ 1,2 bilhão em fundos de investimento e em ações. O montante restante de US$ 1,7 bilhão foi relativo à entrada líquida de investimentos em renda fixa (títulos de dívida). O fato de o investimento líquido negativo ter se dado majoritariamente em ações esteve associado ao movimento de piora doméstica decorrente da percepção de aumento do risco fiscal por parte dos investidores.

Em relação a conta financeira, o Investimento Direto no País (IDP) totalizou ingressos líquidos de US$ 6,3 bilhões em junho, acima do número registrado no mesmo mês de 2023 (US$ 2,0 bilhões) e do teto das projeções dos analistas (US$ 5,2 bilhões, Broadcast+). O resultado de junho levou o IDP acumulado em doze meses para US$ 70,3 bilhões (3,15% do PIB). Na nossa avaliação, o desempenho mais positivo no mês reflete a redução das incertezas externas, sobretudo em relação à condução da política monetária nos EUA diante da divulgação de dados que corroboram a expectativa do mercado de que o início do ciclo de afrouxamento monetário ocorrerá no último trimestre do ano. Além disso, avaliamos que o bom desempenho também foi beneficiado pelo fato de que os dois meses imediatamente anteriores foram marcados por ingressos líquidos bem fracos, de modo que, contribuiu para impulsionar a recuperação no mês devido a melhora do cenário externo. Apesar de o IDP ainda continuar a financiar os déficits em transações correntes no curto prazo, a tendência é que essa folga seja comprimida com o passar do tempo à medida que a atividade econômica mais aquecida comece a pressionar cada vez mais a conta corrente, gerando déficits cada vez maiores.

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