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Publicado em 26 de Junho às 15:24:42

Setor Externo (mai/24): Déficit em transações correntes surpreende para cima e IDP não alcança o piso das estimativas

No mês de maio, as transações correntes do balanço de pagamentos registraram déficit de US$ 3,4 bilhões, ante resultado positivo de US$ 1,1 bilhão no mesmo mês de 2023. O resultado veio acima das projeções de mercado (US$ -3,05 bilhões, Broadcast+), com o déficit superando também a nossa previsão (US$ -2,9 bilhões). No acumulado dos últimos doze meses encerrados em maio o resultado negativo foi de US$ 40,1 bilhões (1,79% do PIB), em uma forte piora em relação aos US$ 35,7 bilhões do mês de abril.

No que se refere à balança comercial de bens, foi registrado um superávit de US$ 6,4 bilhões, ante US$ 9,3 bilhões em maio de 2023. As exportações de bens totalizaram US$ 30,7 bilhões, queda de 6,9% a/a, ante alta de 10,5% a/a no mês imediatamente anterior. As importações, por sua vez, atingiram US$ 24,3 bilhões, com a expansão de 18,7% a/a em abril dando lugar a um aumento de 3,1% a/a em maio. No acumulado dos últimos doze meses, o superávit foi de US$ 76,4 bilhões (US$ 346,7 bilhões em exportações e US$ 270,4 bilhões em importações).

A conta de serviços registrou déficit de US$ 4,5 bilhões em maio, uma alta de 38,9% a/a (déficit de US$ 3,2 bilhões no mesmo mês de 2023). As despesas líquidas com viagens internacionais avançaram 12,6% a/a e somaram US$ 714 milhões, se recuperando em relação a abril, mas ainda sofrendo com a desvalorização do real no período. Por sua vez, a conta de transportes registrou despesas líquidas de US$ 1,5 bilhão, alta de 32,6% a/a. Além desses itens, o aluguel de equipamentos também pesou sobre a balança de serviços ao registrar déficit de US$ 920 milhões, um aumento expressivo de 48,9% a/a em relação a maio de 2023. O maior vigor da atividade econômica nesse início de ano continua a se manifestar não só nos dados mais fortes de importações, como também da balança de serviços.

Já o déficit em renda primária foi de US$ 5,2 bilhões em maio, alta de 3,3% a/a comparativamente ao déficit de US$ 5,1 bilhões do mesmo mês de 2023. As despesas líquidas de lucros e dividendos, associadas aos investimentos direto e em carteira, totalizaram US$ 4,0 bilhões, ante US$ 3,7 bilhões em maio de 2023, um avanço de 6,8% a/a. Já as despesas líquidas com juros somaram US$ 1,3 bilhões no quinto mês de 2024, queda de 5,0% a/a.

Em maio, os investimentos em carteira no mercado doméstico se recuperaram um pouco em relação a abril, registrando ingressos líquidos de US$ 1,3 bilhão. Esse montante foi composto por um fluxo negativo de US$ 896 milhões em fundos de investimento e em ações. O montante restante de US$ 2,2 bilhões foi relativo à entrada líquida de investimentos em renda fixa (títulos de dívida). O fato de o investimento líquido negativo ter se dado majoritariamente em ações esteve associado ao movimento de piora doméstica decorrente da percepção de aumento do risco fiscal por parte dos investidores.

Em relação a conta financeira, o Investimento Direto no País (IDP) totalizou ingressos líquidos de US$ 3,0 bilhões em maio, abaixo do número registrado no mesmo mês de 2023 (US$ 4,4 bilhões) e do piso das projeções dos analistas (US$ 4,0 bilhões, Broadcast+). O resultado de maio levou o IDP acumulado em doze meses para US$ 66,0 bilhões (2,95% do PIB). O número do mês continuou pressionado pelo cenário de juros ainda elevados no exterior, assim como pela percepção de deterioração do cenário doméstico, com a credibilidade tanto da política fiscal como da monetária sendo afetadas. Em certa medida, esse resultado mais fraco observado no IDP dos meses de abril e maio também pode se enquadrar como uma espécie de movimento de “reversão à média”, visto que os dados dos três primeiros meses do ano foram muito fortes. Apesar de o IDP ainda continuar a financiar os déficits em transações correntes no curto prazo, a tendência é que essa folga seja comprimida com o passar do tempo à medida que a atividade econômica mais aquecida comece a pressionar cada vez mais a conta corrente, gerando déficits cada vez maiores.

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