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Publicado em 25 de Junho às 14:33:26

Setor Externo (Mai/25): Contas externas devem continuar apertadas até, pelo menos, o final do ano

No mês de maio, as transações correntes do balanço de pagamentos registraram déficit de US$ 2,9 bilhões, ante resultado negativo de US$ 2,5 bilhões no mesmo mês de 2024. O resultado veio melhor do que o consenso de mercado (US$ -3,1 bilhões, Broadcast+) e do que a nossa projeção (US$ -3,6 bilhões). Nos últimos doze meses o resultado foi de US$ -69,4 bilhões (3,26% do PIB), registrando forte piora em relação aos US$ -29,4 bilhões (1,30% do PIB) do mesmo período de 2024. Já nos primeiros 5 meses de 2025, o déficit para o período é o pior desde 2015.

No que se refere à balança comercial de bens, foi registrado um superávit de US$ 6,6 bilhões em maio. As exportações de bens totalizaram US$ 30,3 bilhões, praticamente o mesmo patamar de um ano atrás (US$ 30,4 bilhões). As importações, por sua vez, atingiram US$ 23,7 bilhões, alta de 3,5% a/a. Em relação ao mês de abril, as exportações e as importações continuaram em patamar similar, sugerindo que o mau resultado da balança comercial foi algo pontual e que ficou circunscrito ao 1º bimestre do ano.

A conta de serviços registrou déficit de US$ 4,7 bilhões em maio, uma queda de 1,2% a/a (déficit de US$ 4,8 bilhões no mesmo mês de 2024). Nos 12 meses findos em maio o déficit foi de US$ 55,9 bilhões, enquanto que no acumulado de 2025 o resultado negativo do período foi o maior desde 2014. As despesas líquidas com viagens internacionais somaram US$ 1,2 bilhão, uma alta de 7,9% a/a em relação aos US$ 1,1 bilhão registrado em maio de 2024. Essa alta foi ainda maior na comparação mensal (22,4% m/m) muito por conta da desvalorização do dólar e da consequente valorização do real ao longo do mês. Já a conta de transportes registrou despesas líquidas de US$ 1,2 bilhão, queda de 10,1% a/a.

O déficit em renda primária foi de US$ 5,2 bilhões em abril, queda de 2,6% a/a comparativamente ao déficit de US$ 5,3 bilhões do mesmo mês de 2024. Em 12 meses, o déficit da balança de renda primária foi de US$ 72,2 bilhões, devendo encerrar o ano em US$ 75,0 bilhões. As despesas líquidas de lucros e dividendos, associadas aos investimentos direto e em carteira, totalizaram US$ 3,5 bilhões ante US$ 4,0 bilhões em maio de 2024, um recuo de 11,6% a/a. Por sua vez, as despesas líquidas com juros somaram US$ 1,7 bilhão no quinto mês do ano, uma alta de 23,1% a/a em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Em maio, os investimentos em carteira no mercado doméstico registraram os seguintes fluxos associados as 3 principais categorias de investimento: ativos de renda fixa (US$ 1,673 bilhão), fundos (US$ -1,012 bilhão) e ações (US$ 1,880 bilhão). Isso fez com que o resultado líquido agregado fosse de US$ 2,541 bilhões no mês.

No tocante a conta financeira, o Investimento Direto no País (IDP) totalizou ingressos líquidos de US$ 3,7 bilhões em maio, resultado que veio aquém da nossa projeção (US$ 5,2 bilhões) e que acabou ficando abaixo até mesmo do piso das estimativas de mercado (US$ 3,9 bilhões, Broadcast+). Assim como em abril, tanto o item de participação no capital (US$ 1,8 bilhão) como o das operações intercompanhia (US$ 1,8 bilhão) contribuíram positivamente para o IDP. Na métrica em 12 meses, o IDP (US$ 70,5 bilhões, 3,31% do PIB) continuou a ficar acima do déficit em transações correntes (US$ 69,4 bilhões, 3,26% do PIB) em maio, ainda que por uma margem estreita. Essa condição das contas externas apertadas deve perdurar até pelo menos o final do ano, podendo se estender também ao longo de 2026 e até piorar caso os novos impulsos de demanda (consignado CLT e isenção de IRPF até R$ 5 mil) interrompam o arrefecimento da atividade econômica.

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