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Publicado em 03 de Janeiro às 15:41:36

Setor Externo (nov/23): Investimento Direto no País (IDP) surpreende, vindo acima do teto das projeções

No mês de novembro, as transações correntes do balanço de pagamentos registraram déficit de US$ 1,6 bilhão, ante resultado negativo de US$ 1,7 bilhão no mesmo mês de 2022. O resultado veio pior do que a mediana de mercado (-US$ 500 milhões, Broadcast+). No acumulado dos onze primeiros meses de 2023, a conta corrente apresentou déficit de US$ 22,2 bilhões e deve encerrar o ano com um déficit de US$ 31,0 bilhões. Já no acumulado dos últimos doze meses encerrados em novembro de 2023, o déficit foi de US$ 33,7 bilhões (1,56% do PIB), ante US$ 49,9 bilhões (3,04% do PIB) em novembro de 2022.

No que se refere à balança comercial de bens, foi registrado um superávit de US$ 6,7 bilhões, ante US$ 4,7 bilhões em novembro de 2022, mantendo o superávit expressivo dos últimos meses. As exportações de bens totalizaram US$ 28,1 bilhões, queda de 1,0% a/a, ante alta de 8,3% a/a no mês imediatamente anterior. Já as importações desacentuaram a queda na métrica anual, saindo de um recuo de 12,8% a/a em outubro para um de 9,6% a/a, totalizando US$ 21,4 bilhões. No acumulado em doze meses o superávit foi de US$ 76,2 bilhões, devendo fechar o ano de 2023 em US$ 81,4 bilhões (US$ 327,6 bilhões em exportações e US$ 246,2 bilhões em importações).

A conta de serviços praticamente repetiu o déficit de outubro em novembro (US$ 3,6 bilhões), mas com alta de 35,0% a/a (déficit de US$ 2,6 bilhões no mesmo mês de 2022). As despesas líquidas com viagens internacionais recuaram 17,8% a/a e somaram US$ 527 milhões, deixando de se beneficiar de uma base de comparação depreciada da época da pandemia. Por sua vez, a conta de transportes registrou despesas líquidas de US$ 934 milhões, recuo de 37,2% a/a, ainda refletindo menores gastos com fretes diante do arrefecimento dos gargalos nas cadeias globais de produção, que foram responsáveis por elevar o custo do frete global no pós-pandemia.

O déficit em renda primária alcançou US$ 4,7 bilhões em novembro, alta de 16,0% a/a comparativamente ao déficit de US$ 4,0 bilhões do mesmo mês de 2022. As despesas líquidas de lucros e dividendos, associadas aos investimentos direto e em carteira, totalizaram US$ 3,7 bilhões, ante US$ 3,1 bilhões em novembro de 2022. No acumulado de 2023 até novembro o déficit foi de US$ 40,2 bilhões, devendo fechar o ano de 2023 em US$ 43,2 bilhões. Já as despesas líquidas com juros somaram US$ 1,0 bilhão em novembro, ante US$ 882 milhões no mesmo período de 2022.

Os investimentos em carteira no mercado doméstico registraram ingressos líquidos de US$ 2,4 bilhões em novembro de 2023, compostos por um fluxo positivo de US$ 1,6 bilhão em fundos de investimento e em ações brasileiras, resultante de uma entrada líquida de US$ 1,74 bilhão em ações brasileiras e de uma saída líquida de US$ 156 milhões em fundos. O montante restante de US$ 833 milhões foi relativo a investimentos em ativos de renda fixa. Em relação à conta financeira, o Investimento Direto no País (IDP) totalizou ingressos líquidos de US$ 7,8 bilhões em novembro, vindo em patamar similar aos US$ 7,6 bilhões registrados no mesmo mês de 2022, mas acima do até mesmo do teto das projeções dos analistas (US$ 7,5 bilhões, Broadcast+). Esse número mais promissor de novembro coincide com a melhora do ambiente externo, principalmente dos Estados Unidos, que passou a apresentar surpresas positivas na seara de inflação e de mercado de trabalho, contribuindo para o fechamento da curva de juros e antecipação do início do ciclo de corte de juros por parte do mercado. Embora esse movimento tenha levado a uma maior disponibilidade de recursos para serem alocados em países emergentes como o Brasil no curto prazo, a tendência global ainda é de queda nos fluxos de IDP. No acumulado de doze meses, o IDP totalizou US$ 57,7 bilhões (2,68% do PIB) em novembro, enquanto soma US$ 52,7 bilhões nos onze primeiros meses de 2023, devendo fechar o ano em US$ 60,3 bilhões, numa redução significativa frente aos US$ 87,2 bilhões registrados em 2022. Ainda assim, no curto prazo, o fluxo de IDP deverá continuar financiando os déficits em transações correntes com alguma folga.

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