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Publicado em 25 de Novembro às 13:46:07

Setor Externo (out/22): Transações correntes apresentam déficit de US$ 4,6 bilhões

No mês de outubro as transações correntes do balanço de pagamentos registraram déficit de US$ 4,6 bilhões, um pouco acima das projeções do mercado, que apontavam para um déficit de US$ 4,5 bilhões (Bloomberg). Desse modo, o déficit em doze meses até outubro de 2022 é de US$ 60,3 bilhões, isto é, 3,3% do PIB, o que representa uma piora em comparação ao déficit de 2,6% do PIB em outubro do ano anterior. No acumulado do ano até outubro o déficit é de US$ 40,0 bilhões.

No que se refere à balança comercial, a mesma apresentou um superávit de US$ 2,6 bilhões no mês, uma melhora considerável frente aos US$ 1,4 bilhões de outubro de 2021. Isso se deu, pois, as exportações cresceram 22,6% a/a e as importações 18,5% a/a. No mês de outubro, as exportações somaram US$ 28,0 bilhões e as importações, US$ 25,5 bilhões. No acumulado de 2022 até outubro o saldo da balança comercial é de US$ 37,1 bilhões.

Já a conta de serviços apresentou déficit de US$ 3,4 bilhões em outubro, uma leve piora frente ao déficit de US$ 3,0 bilhões em setembro, mas bem pior que o resultado de outubro de 2021 de déficit de US$ 2,5 bilhões. Com a retomada pós-pandemia, o déficit de viagens se elevou em cerca de 150% em comparação com outubro do ano passado, indo a US$ 653 milhões, ao passo que as despesas com transportes se elevaram em 16,2%, somando US$ 1,7 bilhões, sendo esses os principais drivers para a ampliação do déficit de serviços.

Na contramão desse movimento, o déficit na conta de renda primária se reduziu em 22,0% em relação ao mesmo período de 2021, somando US$ 4,1 bilhões em outubro. Deve-se destacar a redução das despesas líquidas com lucros e dividendos, que recuaram consideravelmente em relação a um ano antes, indo de US$ 4,4 bilhões para US$ 3,0 bilhões. Além disso, as despesas líquidas com juros se elevaram em US$ 274 milhões, alcançando US$ 1,1 bilhões em outubro.

Em relação à conta financeira, o Investimento Direto no País (IDP) totalizou US$ 5,5 bilhões em outubro, uma robusta melhora frente aos US$ 3,4 bilhões em outubro de 2021, mas abaixo das projeções do mercado de US$ 6,7 bilhões (Bloomberg). Apesar da disputa eleitoral que permeou todo o mês de outubro, o investimento em ações brasileiras foi positivo no mês (US$ 2,8 bilhões). Desse modo, no acumulado do ano até outubro, o IDP totalizou US$ 74,0 bilhões, um crescimento de 64,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em 12 meses, o IDP somou US$ 73,8 bilhões, isto é, 4,05% do PIB. Deve-se destacar, portanto, que o investimento no país vem apresentando uma recuperação robusta, se aproximando do patamar pré-Covid.

Ainda no que se refere à conta financeira, outubro foi um mês de entrada líquida de recursos em ações (US$ 3,2 bilhões), títulos negociados no mercado doméstico (US$ 14 milhões), e empréstimos e títulos de longo prazo negociados no mercado externo (US$ 702 milhões). Mesmo assim, a conta financeira registrou déficit de US$ 5,7 bilhões em outubro.

Em nossa avaliação, a combinação de um cenário externo mais adverso e as recentes revisões positivas para o crescimento da economia brasileira adiciona um viés negativo para o saldo das transações correntes nos próximos meses. Acreditamos que a desaceleração econômica da China, Estados Unidos e Europa (os dois últimos com grande risco de entrarem em recessão em 2023) será responsável por um arrefecimento do volume de exportações, refletindo os impactos da política monetária contracionista, da política de “Covid-zero” na China e da guerra entre a Rússia e a Ucrânia sobre a inflação global. Por outro lado, a surpresa positiva em termos da atividade econômica brasileira será responsável por elevar a demanda interna, impondo viés altista para as importações. Entretanto, deve-se destacar que o fluxo de Investimento Direto no País (IDP) continua a financiar boa parte do déficit em transações correntes.

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