Home > Macroeconomia Brasil > Varejo (Dez/24): varejo encerra o ano confirmando cenário de desaceleração da economia

Publicado em 13 de Fevereiro às 16:41:29

Varejo (Dez/24): varejo encerra o ano confirmando cenário de desaceleração da economia

Em dezembro, o volume de vendas no setor varejista registrou contração de 0,1% m/m, vindo em linha com o consenso de mercado (Broadcast+) e dá continuidade ao recuo de 0,2% m/m observado no mês imediatamente anterior. Apesar do recuo no último bimestre do ano, o varejo acumulou expansão de 4,7% em 2024 e se encontra próximo ao patamar mais elevado já registrado em sua série histórica. Por sua vez, o varejo ampliado (que inclui Veículos, Motos, Partes e Peças; Material de Construção; e Atacado de Produtos Alimentícios) registrou recuo de 1,1% m/m, vindo significativamente pior do que o consenso de mercado que tinha como projeção alta de 0,1% m/m (Broadcast+), dando continuidade ao recuo de 1,4% m/m registrado no mês imediatamente anterior que, na nossa avaliação, reflete os efeitos da deterioração do cenário macroeconômico.

Assim como o observado nas leituras da atividade industrial e de serviços para o mês, o desempenho do varejo corrobora a expectativa de arrefecimento da economia a partir do último trimestre de 2024, refletindo a combinação entre um menor impulso fiscal, deterioração do poder de compra das famílias e piora das condições de crédito. Assim como no mês anterior, cinco das oito atividades pesquisadas recuaram no mês, com destaque para Combustíveis e lubrificantes, Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, e Equipamentos e materiais para escritório que apresentaram as maiores contrações no mês. Além disso, cabe destacar que, mesmo em um contexto marcado por um mercado de trabalho aquecido, o grupo de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo registrou recuo pelo segundo mês consecutivo que, na nossa avaliação, reflete a forte deterioração da inflação de alimentos nos últimos meses de 2024, pesando sobre o desempenho desta categoria.

Na nossa avaliação, a significativa deterioração do cenário econômico no último trimestre do ano, refletindo, principalmente, a elevação do risco fiscal e da perspectiva de juros globais mais elevados, tem gerado um movimento de intensificação do ciclo de alta de juros empregado pelo BC. Soma-se a esse cenário, a piora da dinâmica inflacionária, sobretudo em componentes mais ligados ao consumo essencial (alimentos) que deve contribuir para a limitar o consumo nos próximos meses através da corrosão do poder de compra das famílias. Entretanto, seguimos avaliando que o processo de arrefecimento da economia será gradual, sob a expectativa de que a resiliência do mercado de trabalho e que a política fiscal se mantenha expansionista ao longo do próximo ano, dando suporte ao consumo das famílias principalmente ao longo do primeiro semestre de 2025.  Nesse contexto, avaliamos que o resultado do setor varejista para o mês de dezembro adiciona um viés baixista para a nossa projeção de alta de 0,5% do PIB no último trimestre de 2024, entretanto, segue em linha com a nossa estimativa de crescimento de 3,5% para o ano. No que diz respeito à 2025, revisamos a nossa projeção de crescimento de 2,3% para 2,1% diante da deterioração mais acentuada do cenário macroeconômico corrente.

Com o resultado de dezembro, o setor varejista permanece próximo do patamar mais elevado já registrado em sua série histórica (out/24) e 9,3% acima do nível observado antes da pandemia (fev/20). Além disso, deixa um carrego estatístico de -0,2% e de 0,8% para o primeiro trimestre e para o ano cheio de 2025, respectivamente. Por sua vez, o varejo ampliado deixa um carrego estatístico de -1,2% e de -1,4% para o 1T25 e para o ano de 2025, na mesma ordem.

Acesse o disclaimer.

Leitura Dinâmica

Recomendações

    Vale a pena conferir