Home > Macroeconomia Brasil > Vendas no varejo (fev/23): Setor varejista recua 0,1% com quedas disseminadas entre os grupos

Publicado em 25 de Abril às 11:37:39

Vendas no varejo (fev/23): Setor varejista recua 0,1% com quedas disseminadas entre os grupos

Em fevereiro, o volume de vendas no setor varejista recuou 0,1% m/m, vindo levemente melhor que o consenso de mercado que aguardava por uma contração de 0,2% m/m (Broadcast+). Na comparação interanual, o volume de vendas do comércio varejista avançou 1,0% a/a, superando a mediana das projeções de alta de 0,7% a/a, registrando a sétima expansão consecutiva nesta métrica. O recuo marginal de 0,1% m/m sustenta o patamar alcançado em janeiro de 2023, quando o índice demonstrou crescimento de 3,8% m/m. Vale ressaltar que diante das rupturas estruturais nas séries históricas decorrentes de mudanças metodológicas nas pesquisas e por conta da pandemia, impõe dificuldades na interpretação dos dados ajustados sazonalmente. 

Desse modo, o setor varejista se encontra 3,0% acima do patamar pré-Covid, com destaque para os segmentos de Supermercados e Combustíveis que se encontram 3,6% e 10,9% acima do nível pré-pandemia, respectivamente. Com o resultado de fevereiro, o carrego estatístico do setor varejista para o primeiro trimestre de 2023 é de 1,5% e para 2023, de 1,1%.

Ainda no que se refere ao varejo restrito, seis das oito atividades analisadas apresentaram taxas negativas na passagem de janeiro para fevereiro. Os principais destaques negativos vão para o grupo de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,7% m/m), que representa mais de 40% do peso mensal da pesquisa; Tecidos, vestuários e calçados (-6,3% m/m); e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-10,4% m/m). Os dois últimos grupos devolvendo parte do bom desempenho observado no mês de janeiro, período em que as atividades foram beneficiadas pelas promoções de verão, refletindo vendas fracas das varejistas durante a Black Friday e o Natal. Na ponta positiva, apenas os grupos de Artigos farmacêuticos, médicos e ortopédicos e de perfumaria (1,4% m/m), principalmente pela parte de artigos farmacêuticos; e Livros, jornais, revistas e papelaria (4,7% m/m), beneficiado pelas vendas de materiais pedagógicos, registraram altas no mês.

No que diz respeito à comparação interanual, embora o varejo tenha apresentado alta de 1,0% a/a, as baixas também foram disseminadas em seis das oito categorias pesquisadas, sendo Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-12,9% a/a), a décima contração consecutiva; Livros, jornais, revistas e papelaria (-9,5% a/a); e Tecidos, vestuário e calçados (-9,2% a/a) as principais contribuições negativas. Já os únicos setores em alta frente ao mesmo mês do ano anterior foram Hiper, supermercados, produtos alimentícios e fumo (1,0% a/a) e Combustíveis e lubrificantes (19,7% a/a). Vale ressaltar que as desonerações tributárias que ocorreram em 2022 beneficiaram a expansão da atividade ligada a combustíveis no segundo semestre de 2022, portanto, o retorno, ainda que parcial, da tributação do PIS/Cofins sobre os combustíveis deve continuar promovendo a desaceleração desta métrica nas próximas leituras.

Em relação às vendas no varejo ampliado (que inclui Veículos, Motos, Partes e Peças; Material de Construção; e Atacado de Produtos Alimentícios), houve avanço de 1,7% m/m, vindo melhor que o consenso de mercado de expansão de 0,7% m/m (Broadcast+). Na comparação interanual, houve contração de 0,2% a/a, também melhor que a projeção mediana de -1,8% a/a. O resultado no mês refletiu a alta de 1,4% m/m nas vendas de Veículos e motos, partes e peças (1,4% m/m) ter sido parcialmente compensadas pela contração nas vendas de Material de construção (-2,0% m/m). Em 12 meses, as três categorias que compõem o varejo ampliado registraram queda, com destaque para as vendas de Material de Construção (-5,9% a/a), em linha com uma trajetória de normalização do segmento, haja vista a forte expansão que o setor apresentou após o início da pandemia, e o Atacado especializados em produtos alimentícios, bebidas e fumo (-9,5% a/a).

Na nossa avaliação, embora o resultado de fevereiro tenha apontado para a manutenção do patamar alcançado em janeiro, após expansão de 3,8% m/m, acreditamos que a trajetória dos próximos meses deve ser marcada por uma tendência de estabilidade do setor. Na comparação em trimestres móveis, o volume de vendas no varejo apresentou alta de 0,2% frente ao trimestre móvel encerrado em janeiro, sendo possível observar nesta métrica a tendência de estabilidade que vem se desenhando nos últimos meses. Por um lado, vemos um vetor negativo advindo do cenário macroeconômico mais adverso, diante da perspectiva de desaceleração da atividade econômica e da piora tanto do perfil de crédito dos consumidores quando da inadimplência. Em contrapartida, a expansão das políticas de transferência de renda e um mercado de trabalho ainda aquecido devem limitar o impacto dos vetores negativos sobre o setor. Dessa forma, avaliamos que o processo de contração do consumo discricionário observado nos últimos meses deve permanecer ao longo de 2023, ao contrário de consumo de bens essenciais (alimentos), que deve ser beneficiado pela agenda econômica do novo governo, limitando a contração do setor varejista no ano.

Acesse o disclaimer.

Leitura Dinâmica

Recomendações

    Vale a pena conferir