Home > Macroeconomia Brasil > Vendas no Varejo (Junho/22): Setor varejista recua 1,4% m/m em junho

Publicado em 10 de Agosto às 11:11:42

Vendas no Varejo (Junho/22): Setor varejista recua 1,4% m/m em junho

Pelo segundo mês consecutivo houve queda no volume de vendas no setor varejista. Desde o início do ano, o comércio varejista apresenta taxas de crescimento decrescentes, sendo impactado pelo cenário macroeconômico adverso, diante do encarecimento do crédito e da inflação elevada. Em junho, as vendas recuaram 1,4% m/m frente maio, resultado pior que a projeção mediana do mercado (-1,0% m/m, Broadcast). Além disso, o resultado do mês anterior foi revisado para baixo (de 0,1% para -0,4%). Na comparação com o mesmo mês do ano anterior o volume de vendas apresentou recuo de -0,3% a/a.

No mês, o resultado negativo foi generalizado entre as atividades econômicas (queda em sete dos oito grupos pesquisados), com crescimento somente em artigos farmacêuticos, médicos e perfumaria (1,3%).  Por outro lado, as maiores influências negativas foram: Hipermercados & Supermercados (0,5%) e tecidos & Vestuário (-5,4%). A leitura negativa para o setor de hiper e supermercados continua sendo a alta inflação que afeta o setor. Vemos uma discrepância significativa entre a receita e o volume de vendas do setor, movimento típico de períodos com alta inflação. No ano, o volume de vendas avançou 1,4%, enquanto a receita aumentou 16,9%.

Apesar do recuo no mês, o grupo de Tecidos & Vestuário se encontra 9,9% acima do nível pré pandemia. Essa recuperação pode ser explicada, em parte, pela intensificação das vendas por meio do comércio eletrônico. Essa estratégia era menos abordada pelas empresas do setor pela natural dificuldade das vendas online, uma vez que há preferência dos consumidores a experimentarem presencialmente os produtos. Essa mudança de estratégia foi importante para o crescimento do setor.

Nas vendas no varejo ampliado (inclui as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção) houve uma queda ainda mais intensa (2,3% m/m), com recuo de 4,1% na atividade de Veículos e de -1,0% em Material de Construção.  Os dados da Anfavea mostraram forte queda das vendas internas de veículos no mês de junho (-4,9%) com aumento da produção. O cenário de queda das vendas domésticas e das exportações (crise na argentina), com a recuperação da produção, vem possibilitando a recomposição dos estoques da indústria, aliviando as pressões inflacionárias vistas nos últimos anos.

Nesse primeiro semestre, apenas três atividades apresentaram queda: Móveis& Eletrodomésticos (-9,3%), outros artigos de uso pessoal (-2,8%) e material de construção (-7,3%). Já as maiores variações positivas foram: Livros & papelaria (18,4%), Tecidos & Vestuário (17,2%) e artigos farmacêuticos (8,4%).

O setor varejista apresenta maior sensibilidade ao mercado de crédito, com as concessões de crédito, principalmente de cartão de crédito, apresentando boa correlação com as vendas no setor. A política monetária está em patamar contracionista, tendo representado um encarecimento significativo do custo do crédito. Nesse sentido, a desaceleração do setor já pode ser um sinal do desaquecimento na margem do mercado de crédito (principalmente para as pessoas físicas). Porém, projetamos uma desaceleração suave, sem rupturas, diante das medidas implementadas pelo governo, tanto para empresas, quanto para as famílias.  No âmbito das pessoas físicas, políticas de sustentação da demanda (liberação do FGTS, antecipação do 13º salário, aumento do Auxílio Brasil) em conjunto com a melhora do mercado de trabalho e da massa de rendimentos deve ajudar a suavizar a trajetória de arrefecimento do crédito para as famílias.

Acesse o disclaimer.

Leitura Dinâmica

Recomendações

    Vale a pena conferir