Pelo terceiro mês consecutivo houve crescimento no volume de vendas no setor varejista, situação que não ocorria desde 2020. Em março, as vendas aumentaram em 1,0% m/m frente fevereiro, resultado melhor que a projeção mediana do mercado (0,4% m/m, Broadcast). Na comparação com o mesmo mês do ano anterior o volume de vendas apresentou variação positiva de 4,0% a/a.
O setor varejista apresentou recuperação consistente no primeiro trimestre do ano, com crescimento de 1,9% ante o trimestre anterior. O setor já recuperou o nível pré pandemia, estando 2,6% acima, porém a recuperação não vem ocorrendo de forma homogênea entre os setores analisados. A recuperação decorre, principalmente, do desempenho do setor de hiper e supermercados e dos artigos de uso pessoal. Setores como o de Combustíveis, Tecidos e Móveis/eletrodomésticos ainda se encontram significativamente abaixo do nível pré pandemia.
As categorias com o maior peso na pesquisa (Supermercados, Combustíveis, Móveis/eletrodomésticos e tecidos) ficaram próximos da estabilidade no mês de março. As maiores influências positivas vieram dos grupos Material de escritório (13,9%), livros e papelaria (4,7%) e outros artigos de uso pessoal (3,4%). No mês houve boa contribuição das lojas de departamento, com as grandes varejistas apresentando retomada nas lojas físicas, principalmente na região Norte e Nordeste do país. Em relação aos materiais de escritório e informática, esse setor é mais sensível a taxa de câmbio e como houve forte valorização do real no período (8,16%), o preço dos produtos se tornou mais atrativo aos consumidores ajudando nas vendas.
Além disso, houve avanço no setor de Combustíveis e lubrificantes (0,4%), que deve desacelerar ainda mais com os aumentos recentes nos preços; Móveis e eletrodomésticos (0,2%), tecidos e Vestuário (0,1%). Já Hiper e supermercados recuaram 0,2% e artigos farmacêuticos -5,9%.
O volume de vendas no varejo ampliado (inclui as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção) avançou 0,7% m/m (expectativa era de 0,1%, Broadcast). Houve recuo na atividade de Veículos (-0,1% m/m) e crescimento no Material de Construção (2,2% m/m).
O setor varejista apresentou relativa recuperação no primeiro trimestre, deixando um carrego estatístico de 1,1% para o próximo trimestre. O primeiro semestre do ano deve ser positivo, com políticas de sustentação da demanda (liberação do saldo do FGTS, antecipação do 13º salário, correção do salário-mínimo e de salários de servidores estaduais, benefício social (Auxílio Brasil) mais robusto que programa anterior) ajudando a mitigar efeitos adversos da alta dos preços e da atividade econômica menos robusta. Entretanto, nossa avaliação é que o 2º semestre do ano apresentará um arrefecimento mais significativo com os impactos da política monetária sobre a atividade econômica se tornando mais evidentes.