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Publicado em 17 de Maio às 11:34:32

Vendas no Varejo (mar/23): Avanço do comércio supera o teto das expectativas

Em março, o volume de vendas no setor varejista avançou 0,8% m/m, superando tanto o consenso que era de contração de 0,2% m/m quanto o teto das expectativas que apontava para uma expansão de 0,5% m/m (Broadcast+). Na comparação interanual, o volume de vendas do comércio varejista avançou 3,2% a/a, superando a mediana das projeções de alta de 0,7% a/a, a oitava expansão consecutiva nesta métrica. Vale ressaltar que as rupturas estruturais nas séries históricas decorrentes de mudanças metodológicas nas pesquisas e por conta da pandemia, impõem dificuldades tanto na previsão do indicador quanto na interpretação dos dados ajustados sazonalmente. 

Desse modo, o setor varejista se encontra 4,3% acima do patamar pré-Covid e 2,0% abaixo do ponto mais elevado da série histórica (out/20), com destaque para os segmentos de Supermercados e Combustíveis que se encontram 7,3% e 10,9% acima do nível pré-pandemia, respectivamente. Com o resultado de março, o carrego estatístico do setor varejista para o segundo trimestre de 2023 é de 0,5% e para 2023, de 2,3%.

Ainda no que se refere ao varejo restrito, quatro das oito atividades analisadas apresentaram taxas negativas na passagem de fevereiro para março. Os principais destaques negativos vão para Tecidos, vestuário e calçados (-4,5%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,2%), impactados pelo fechamento de lojas de grandes redes no período, Livros, jornais, revistas e papelaria (-0,6%) e Combustíveis e lubrificantes (-0,1%). Na ponta positiva, apenas os grupos de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (7,7%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,7%) e Móveis e eletrodomésticos (0,3%). A atividade de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo ficou estável (0,0%). Avaliamos que o bom desempenho no mês, beneficiado pelas vendas de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação no mês refletem os efeitos positivos da desinflação de bens industriais e a queda do dólar no período.

No que diz respeito à comparação interanual, embora o varejo tenha apresentado alta de 3,2% a/a, três das oito categorias pesquisadas apresentaram recuo, sendo elas: Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-12,9% a/a), com sua décima primeira contração consecutiva; Livros, jornais, revistas e papelaria (-8,0% a/a); e Tecidos, vestuário e calçados (-7,3% a/a). Já os setores que contribuíram positivamente frente ao mesmo mês do ano anterior foram Hiper, supermercados, produtos alimentícios e fumo (4,5% a/a), com a maior taxa desde out/20; Combustíveis e lubrificantes (14,3% a/a), apesar de ser a segunda desaceleração seguida; Móveis e eletrodomésticos (2,0% a/a); Artigos farmacêuticos, med., ortop. e de perfumaria (6,8% a/a) e Equip. e mat. para escritório, informática e comunicação (4,1% a/a). Vale ressaltar que as desonerações tributárias que ocorreram em 2022 beneficiaram a expansão da atividade ligada aos combustíveis no segundo semestre do último ano, portanto, o retorno, ainda que parcial, da tributação do PIS/Cofins sobre os combustíveis deve continuar promovendo a desaceleração desta métrica nas próximas leituras.

Em relação às vendas no varejo ampliado (que inclui Veículos, Motos, Partes e Peças; Material de Construção; e Atacado de Produtos Alimentícios), houve avanço de 3,6% m/m, vindo melhor que o consenso de mercado de expansão de 0,5% m/m (Broadcast+). Na comparação interanual, houve avanço de 8,8% a/a, também melhor que a projeção mediana de 1,4% a/a. O resultado no mês refletiu a alta de 3,7% m/m nas vendas de Veículos e motos, partes e peças junto da leve aceleração nas vendas de Material de construção (0,2% m/m). No ano, as três categorias que compõem o varejo ampliado registraram alta, com destaque para as vendas de Veículos e motos, partes e peças (10,7% a/a), em linha com uma trajetória de normalização do segmento, após um período de escassez de insumos que impactaram as vendas no início de 2022, e o Atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo (5,6%). O setor de Material de construção caiu 5,1% nessa comparação.

Na nossa avaliação, embora o resultado de março tenha apontado para um avanço em relação ao patamar alcançado em fevereiro, acreditamos que a trajetória dos próximos meses deve ser marcada por uma tendência de estabilidade do setor. Por um lado, vemos um vetor negativo advindo do cenário macroeconômico mais adverso, diante da perspectiva de desaceleração da atividade econômica e da piora tanto do perfil de crédito dos consumidores quando da inadimplência. Em contrapartida, a expansão das políticas de transferência de renda e um mercado de trabalho ainda aquecido devem limitar o impacto dos vetores negativos sobre o varejo. Dessa forma, avaliamos que o processo de contração do consumo discricionário observado nos últimos meses deve permanecer ao longo de 2023, ao contrário de consumo de bens essenciais (alimentos), que deve ser beneficiado pela agenda econômica do novo governo, ancorando o desempenho do setor ao longo do ano.

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