Em outubro, o volume de vendas no setor varejista avançou 0,4% m/m na comparação com o mês imediatamente anterior, levemente acima do consenso de mercado que aguardava por uma expansão de 0,3% m/m (Broadcast+). Além disso, o IBGE revisou a leitura de setembro, que passou de uma alta de 1,1% m/m para 1,2% m/m, puxada principalmente pelas revisões altistas para Hiper e Supermercados; e Equipamentos e Materiais para Escritório. Na comparação interanual, o volume de venda no varejo se expandiu 2,7% a/a.
Desse modo, o setor varejista se encontra 3,4% acima do patamar pré-Covid. Além disso, em 2022 o setor acumula um crescimento de 1,0% e em 12 meses apresentou uma alta de 0,1%, o primeiro resultado no campo positivo em 5 meses. Diante disso, o carrego estatístico para o terceiro trimestre do ano é de 1,2% e para 2022, de 1,5%.
Ainda no que se refere ao varejo restrito, cinco das oito atividades analisadas apresentaram taxas positivas na passagem de setembro para outubro. Os destaques vão para Móveis e Eletrodomésticos (2,5% m/m), beneficiados pela pulverização dos descontos da Black Friday; Equipamentos e Material para Escritório (2,0% m/m), beneficiados pela apreciação do real em outubro, que ajudou na oferta destes produtos; e Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico (2,0% m/m). Além disso, altas foram observadas também em Combustíveis e Lubrificantes (0,4% m/m); e Hipermercados e Supermercados (0,2% m/m). Em contrapartida, contrações foram observadas nos grupos de Artigos Farmacêuticos e de Perfumaria (-0,4% m/m); Tecidos, Vestuário e Calçados (-3,4% m/m); e Livros, Jornais, Revistas e Papelaria (-3,8% m/m).
Em relação às vendas no varejo ampliado (que inclui Veículos, Motos, Partes e Peças e Material de Construção), o avanço foi de 0,5% m/m. Entretanto, tanto Veículos, Motos, Partes e Peças (-1,7% m/m) quanto Material de Construção (-3,5% m/m) apresentaram resultados negativos no mês. O último vem apresentando sucessivos resultados negativos nos últimos meses, em linha com uma trajetória de normalização, haja vista a forte expansão que o setor apresentou após o início da pandemia, beneficiado por uma taxa de juros historicamente baixa e dos impulsos fiscais. Embora o resultado do mês tenha apontado para expansão de varejo ampliado, este ainda se encontra 0,9% abaixo do nível pré-pandemia. Na comparação interanual, o varejo ampliado avançou 0,3% a/a.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o resultado aponta para uma expansão de 2,7% a/a, o terceiro mês consecutivo de alta. Os destaques vão para Combustíveis e Lubrificantes (34,2% a/a); Livros, Jornais, Revistas e Papelaria (13,6% a/a); Equipamentos e Material para Escritório (8,1% a/a); Artigos Farmacêuticos e de Perfumaria (5,2% a/a); e Hiper e Supermercados (2,6% a/a). No âmbito do varejo ampliado, ambas as atividades recuaram: Veículos, Motos, Partes e Peças (-0,7% a/a) e Material de Construção (-12,7% a/a).
Nossa avaliação é que após um bom resultado no mês de setembro, o setor varejista voltou a apresentar um resultado próximo à estabilidade, em linha com o cenário macroeconômico adverso que deve continuar penalizando o setor nos próximos meses. Nesse contexto, acreditamos que o encarecimento do custo do crédito, a política monetária contracionista e a elevação do nível de inadimplência devem compensar os vetores positivos advindos da recuperação do mercado de trabalho, queda da inflação e das políticas de impulso à demanda aprovadas pelo governo. Dessa forma, acreditamos que o varejo continue apresentando um desempenho próximo à estabilidade nas próximas leituras, devido à ancoragem do subgrupo de Hipermercados e Supermercados, que representa cerca de 50% do setor varejista, e deve ser beneficiado pelas medidas de impulso à demanda e pela sazonalidade das festas de fim de ano. Para o mês de novembro, sinais negativos ecoam da Sondagem do Comércio da FGV que se contraiu 11,0% m/m, apontando para um resultado negativo do setor no período.