Em setembro, o volume de vendas no setor varejista avançou 1,1% m/m na comparação com o mês imediatamente anterior, vindo substancialmente acima das expectativas que apontavam para uma leve expansão de 0,3% m/m (Bloomberg). Além disso, o IBGE revisou a leitura de agosto, de uma queda de -0,1% m/m para uma expansão de 0,1% m/m, puxada principalmente pelas revisões altistas para Hiper e Supermercados; e Combustíveis e Lubrificantes. Na comparação interanual, o volume de vendas no setor se expandiu 3,2% a/a.
Desse modo, o setor varejista se encontra 2,8% acima do patamar pré-Covid. Além disso, em 2022 o setor acumula um crescimento de 0,8% e em doze meses uma queda de 0,7%. Diante disso, o carrego estatístico para o terceiro trimestre do ano é de 0,7% e para 2022, de 1,4%.
Ainda no que se refere ao varejo restrito, seis das oito atividades analisadas apresentaram taxas positivas na passagem de agosto para setembro. Os destaques vão para Combustíveis e Lubrificantes (1,3% m/m), beneficiados pela queda do preço no período, impulsionando o crescimento do volume de vendas; Hipermercados e Supermercados (1,2% m/m), que corresponde por cerca de 50% do setor varejista, fazendo o papel de ancoragem do resultado acima das expectativas para o setor varejista. Além disso, vale destacar o bom desempenho das vendas de Livros, Jornais, Revistas e Papelaria (2,5% m/m) e Equipamentos e Material para Escritório (2,5% m/m). Em contrapartida, contrações foram observadas nos grupos de Móveis e Eletrodomésticos (-,01% m/m) e Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico (-1,0% m/m).
Em relação às vendas no varejo ampliado (que inclui Veículos, Motos, Partes e Peças e Material de Construção), o avanço foi de 1,5% m/m. Tanto Veículos, Motos, Partes e Peças (-0,1% m/m) quanto Material de Construção (0% m/m) ficaram próximos à estabilidade no mês. Embora o resultado do mês tenha apontado para expansão de varejo ampliado, este ainda se encontra 1,5% abaixo do nível pré-pandemia. Na comparação interanual, o varejo ampliado avançou 1,0% a/a.
Na comparação com o segundo trimestre de 2022, o resultado aponta para uma contração de 1,1% t/t do varejo restrito e para uma queda de 1,2% t/t no conceito ampliado. Os principais destaques vão para Combustíveis e Lubrificantes (+16,6% t/t); Tecidos, Vestuário e Calçados (-13,8% t/t); Móveis e Eletrodomésticos (-4,3% t/t); Veículos, Motos, Partes e Peças (-2,4% t/t); e Material de Construção (-3,6% t/t).
Acreditamos que o bom desempenho do setor varejista no mês de setembro tenha sido apenas um resultado pontual, haja vista os grandes desafios que devem continuar penalizando o setor nos próximos meses. Na nossa avaliação, o encarecimento do custo do crédito, a política monetária contracionista, a elevação do nível de inadimplência serão os principais limitadores do desempenho do setor varejista. Em contrapartida, a recuperação do mercado de trabalho, a aprovação das medidas de impulso à demanda e o arrefecimento da inflação devem impedir que a perda de fôlego do setor se transforme em uma forte contração, implicando em uma performance mais lateralizada nos próximos meses. Para o mês de outubro, sinais negativos ecoam do Sondagem do Comércio da FGV que se contraiu 3,7% m/m, apontando para um resultado negativo do setor no período.