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Publicado em 14 de Fevereiro às 15:34:41

CPI (jan/23): Inflação cheia e núcleo vêm em linha com o esperado (0,5% e 0,4% m/m)

Em janeiro, o índice de preços ao consumidor norte-americano (CPI) avançou 0,5% na comparação mensal, vindo em linha com as expectativas de mercado. Desse modo, a inflação acumulada em doze meses ficou em 6,4%, desacelerando 0,1 p.p. frente aos 6,5% do mês imediatamente anterior, e ficando 0,2 p.p. acima das estimativas. No que diz respeito ao núcleo da inflação (que exclui alimentos e energia), a variação mensal foi de 0,4%, também vindo de acordo com o esperado pelo mercado. A métrica de 12 meses veio 0,1 p.p. acima do esperado e agora se encontra em 5,6%, recuando 0,1 p.p. ante os 5,7% registrados em dezembro.

A habitação (“shelter”) voltou a ser a grande protagonista da inflação mensal, avançando 0,7% m/m e contribuindo com cerca de metade do resultado da inflação cheia do mês de janeiro. Outras contribuições relevantes vieram dos itens alimentação (0,5%), gasolina (2,4%) e gás natural (6,7%). Dentre as quedas do mês se destacaram os óleos combustíveis (-1,2%), carros e caminhões usados (-1,9%) e serviços médicos (-0,7%). Por outro lado, o grupo energia registrou inflação de 2,0%, com destaque para as commodities energéticas (1,9%) e para os serviços de energia (2,1%). A saída abrupta da China da sua rigorosa política de “covid-zero” ajudou a puxar os preços das commodities energéticas em janeiro, com todos os itens e subitens deixando para trás a deflação registrada em dezembro. Na comparação ano a ano, podemos observar que o processo de desinflação já atingiu muito mais as commodities energéticas (2,8%) do que os serviços de energia (15,6%).

Por sua vez, o grupo de alimentação avançou 0,5% m/m em janeiro, um avanço de 0,1 p.p. em relação a leitura anterior. O resultado veio de tendências opostas registradas nos preços de alimentação no domicílio e de alimentação fora do domicílio. A primeira desacelerou 0,1 p.p. na passagem de dezembro para janeiro, saindo de 0,5% para 0,4%, enquanto a segunda avançou 0,2 p.p. no mesmo período, de 0,4% para 0,6%. Essa dinâmica é resultado da surpresa altista do payroll de janeiro, no qual o setor de serviços foi o grande gerador de novas vagas de emprego. Como a parte de alimentação fora do domicílio é enquadrada em serviços, a aceleração da inflação desse item é bem compreensível. Ao olharmos o avanço em relação ao mesmo mês do ano anterior, observamos uma alta de 11,3% em alimentação no domicílio e 10,1% no geral.

Os componentes mais inerciais, sobretudo ligados ao setor de serviços (mais intensivo em mão de obra) devem sustentar o nível de preços em um patamar significativamente elevado por mais tempo. Na passagem de dezembro para janeiro a inflação de serviços desacelerou apenas marginalmente, saindo de 0,7% para 0,6%, o que fez com que, na métrica de doze meses, houvesse elevação (de 7,5% para 7,6%). O vigor acima do esperado do setor de serviços, expresso no número surpreendente do último payroll (517 mil vagas criadas), tende a manter a inflação pressionada. Ademais, as medidas de inflação residencial seguem significativamente elevadas e sem dar sinais claros de arrefecimento, indicando que a inflação subjacente também não deve recuar tão cedo, o que deve dificultar o processo de convergência da inflação cheia para a meta de 2,0% ao ano. Vale destacar que o processo de desinflação ainda não alcançou a métrica de serviços ex-habitação, que representa mais da metade do núcleo de inflação, e que o presidente do banco central norte-americano (Fed), Jerome Powell, já sinalizou que gostaria de ver apresentar um recuo de preços.

Nossa avaliação é que diante do atual contexto de um mercado de trabalho apertado e de pressões inflacionárias persistentes, principalmente do núcleo de inflação, o Fed deve seguir elevando a taxa básica de juros (fed funds rate) para combater o elevado nível de preços. Somam-se a isso as recentes revisões para cima na inflação dos últimos meses e a criação de vagas de janeiro muito acima do esperado, principalmente no setor de serviços. Entretanto, esses fatos não devem fazer o Fed alterar o seu plano de voo de empreender altas de juros de 25 pontos-base daqui em diante. O que pode mudar é o número de altas dessa magnitude adotadas nas reuniões futuras, com a autoridade monetária podendo levar a taxa de juros para patamar além da taxa terminal de 5,25% (limite superior) projetada pelos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) ou então manter a fed funds rate em nível elevado por mais tempo.

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