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Publicado em 10 de Agosto às 12:07:33

CPI (jul/22): Inflação desacelera mais do que o esperado com forte queda da gasolina

O índice de preços ao consumidor americano (CPI) ficou estável (0,0%) em julho, ante crescimento de 1,3% em junho, vindo melhor do que o esperado pelo consenso de mercado, cuja projeção era de alta de 0,2% no período. Com este resultado, no acumulado em 12 meses, o CPI registrou expansão de 8,5%, desacelerando 0,6 p.p. em relação a maior alta nos últimos 40 anos registrados no mês anterior. O destaque vai para o recuo do índice da Gasolina (-7,7%) ter compensado as altas observadas nos índices de Alimentação e Habitação, sendo responsável pela estabilidade do índice de preços em julho.

O índice de Energia foi o principal destaque no mês ao recuar 4,6% na margem. O resultado foi reflexo dos recuos dos preços da gasolina (-7,7%), decorrente da queda do preço do barril do petróleo puxado pelo aumento das incertezas em torno do crescimento econômico global em um cenário de aperto monetário nas principais economias desenvolvidas. O preço da gasolina cobrada na bomba, que chegou a registrar o patamar de US$ 5,00 por galão em meados de junho, recuou para US$ 4,21 ao final de julho, sendo o principal responsável pela surpresa positiva no índice headline da inflação americana. Além disso, o gás natural apresentou queda de 3,6%, revertendo parcialmente as altas superiores a 8% observadas nos dois meses imediatamente anteriores. Em contrapartida, o grupo de energia elétrica avançou 1,6% no mês, se mantendo estável em relação a junho em que foi observada expansão de 1,7%. Em 12 meses, o índice de energia acumula alta de 32,9%. Os principais destaques vão para a alta de 44,0% do índice de preço da gasolina e de 30,5% do gás natural no mesmo período.

Por sua vez, o grupo de Alimentação apresentou aceleração de 0,1 p.p. em relação ao mês anterior ao avançar 1,1% em julho. Este resultado foi reflexo dos avanços de 1,3% do grupo de Alimentação no Domicílio, que pelo sétimo mês consecutivo registra alta acima de 1,0% na margem. As pressões altistas foram bastante disseminadas neste grupo, visto que todos os seis subgrupos pesquisados avançaram no mês. Os destaques vão para o índice de bebidas não alcoólicas que teve a maior alta (2,3%); e para produtos lácteos e afins que avançou 1,7% na margem. Já o índice de Alimentação Fora do Domicílio avançou 0,7%, desacelerando em relação ao mês anterior em que foi observado alta mensal de 0,9%. Em 12 meses, o índice de Alimentação acumulou alta de 10,9%, puxado por Alimentação no Domicílio que avançou 13,1%, renovando a maior variação em 12 meses desde 1979.

No que diz respeito ao núcleo (excluí alimentos e energia) da inflação, a variação mensal foi de 0,3%, surpreendendo positivamente o mercado que tinha como consenso alta de 0,5%. A principal contribuição foi o grupo de Habitação (shelter) que avançou 0,5%, cujo destaque foi o avanço do índice de aluguel que avançou 0,7%. Por sua vez, o índice de Saúde avançou 0,4%, recuando 0,3 p.p. em relação ao número do mês anterior. Na ponta negativa, vale destacar o recuo de 7,8% do índice de Passagens Aéreas, beneficiado pelo movimento nos preços do barril do petróleo ao longo do mês, que deve continuar a beneficiar o grupo de transportes diante das expectativas de arrefecimento do preço do petróleo nos próximos meses. Na comparação interanual, registrou-se alta de 5,7% do núcleo da inflação, resultante das pressões altistas disseminadas nos últimos meses. Em 12 meses, os destaques vão para o índice de Habitação e de Serviços de Transporte que avançaram 5,7% e 9,2%, respectivamente.

O CPI de julho ao apresentar uma desaceleração mais forte do que a antecipada pelo mercado, resultante dos fortes recuos dos preços de combustíveis, traz um alívio para o Banco Central americano, permitindo que um aumento de 0,5 p.p. da Fed Funds rate ocorra na próxima reunião do Comitê. Entretanto, avaliamos que os riscos seguem bastante elevados, em face de um mercado de trabalho ainda bastante aquecido com os salários avançando significativamente acima da meta de estabilidade de preços de 2%. Nesse contexto, projetamos uma Fed Funds rate em 4,0% ao final de 2022, diante da necessidade do Banco Central americano em ajustar rapidamente a instância de política monetária como forma de combater o elevado nível inflacionário que vem se mostrando mais persistente do que o antecipado.

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