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Publicado em 10 de Junho às 13:03:21

CPI (mai/22): Inflação surpreende o mercado e renova máxima de 40 anos

A variação do índice de preços do consumidor (CPI) foi de 1,0% em maio, ante crescimento de 0,3% em abril, ficando 0,3 p.p. acima do consenso de mercado. Por sua vez, a taxa de inflação nos últimos 12 meses acumulou alta de 8,6%, a maior variação desde dezembro de 1981. As principais contribuições para a surpresa inflacionária no mês vieram dos grupos de energia, alimentação e habitação (shelter), de modo que, a economia americana registrou pelo oitavo mês consecutivo variação acima de 6,0%, substancialmente acima da meta de longo prazo de 2,0%.


Embora as altas de preços tenham sido bastante disseminadas pela economia, os números apontam para continuidade das pressões altistas da invasão da Ucrânia pela Rússia, sobretudo sobre os preços de commodities energéticas e alimentícias, devido à relevância dos países envolvidos no conflito no mercado global destas commodities. Além disso, a forte demanda interna, alimentada por estímulos governamentais e por uma política monetária acomodatícia são vetores adicionais de pressão altista para inflação americana.


O índice de energia avançou 3,9% em maio após forte recuo de 2,7% no mês anterior decorrente da contração do preço da gasolina causada pelo arrefecimento do preço do barril do petróleo no mercado global no mês de abril. Os destaques em maio vão para a variação da gasolina e do gás natural que avançaram 4,1% e 8,0%, respectivamente. Esta foi a maior variação para o preço do gás natural desde outubro de 2005. O forte avanço nos preços das commodities reflete o aumento das incertezas em torno da oferta destes bens no mercado global, sobretudo diante das sanções aplicadas à Rússia e a resistência dos países membros da OPEP de aumentar a produção de petróleo. Em 12 meses, o índice de energia acumula alta de 34,6%. O principal destaque vai para a alta de 48,7% da gasolina no mesmo período.

Por sua vez, o grupo de Alimentação apresentou aceleração de 0,3 p.p. em relação ao número do mês anterior ao registrar variação de 1,2%. Este resultado refletiu o avanço de 1,4% na Alimentação no Domicílio, que pelo quinto mês consecutivo registrou variação acima de 1,0%. As altas foram bastante disseminadas neste grupo, visto que todos os seis subgrupos pesquisados apresentaram elevação no mês. O destaque vai para o índice de produtos lácteos e afins que avançou 2,9% no mês, a maior variação mensal desde julho de 2007. Já o índice de Alimentação Fora do Domicílio avançou 0,7%, após avançar 0,6% no mês anterior. Em 12 meses, o índice de Alimentação acumulou alta de 10,1%, puxado pela Alimentação no Domicílio que avançou 11,9%, a maior variação acumulada em 12 meses desde abril de 1979.

No que diz respeito ao núcleo (excluí alimentos e energia) da inflação, a variação mensal foi de 0,6%, surpreendendo negativamente o mercado que tinha como consenso alta de 0,5%. A principal contribuição foi o grupo de Habitação (shelter) que avançou 0,6%. A principal contribuição veio do índice de aluguel que avançou na mesma magnitude. Além disso, o índice de Passagens Aéreas avançou fortemente pelo segundo mês consecutivo ao registrar alta de 12,6%, ante 18,6% no mês anterior. No interanual, registrou-se alta de 6,0% do núcleo da inflação, com destaque para a alta de 5,5% do índice de Habitação e de 16,1% no preço dos Veículos Usados.

Nossa avaliação é que o prolongamento do conflito no leste Europeu deve seguir pressionando a inflação americana nos próximos meses, que já se encontrava em um patamar elevado antes do início do conflito, por conta dos impactos da guerra sobre os preços de commodities agrícolas e energéticas. Além disso, o descasamento entre demanda e oferta de mão de obra e consumo interno bastante aquecido, tendem a ser vetores de pressão adicionais ao nível de preços americano, que vem deteriorando significativamente o poder de compra dos consumidores, sendo responsável pela mudança no perfil de consumo americano que cada vez mais substitui bens por serviços. Dessa forma, diante dos desafios domésticos e externos, acreditamos que a leitura do CPI americano de maio reforça a necessidade do Banco Central americano ajustar rapidamente a condução de política monetária, sobretudo no que diz respeito a levar a taxa básica de juros para um nível contracionista ainda em 2022. Nesse sentido, mantemos nossa avaliação de que o último aumento de 0,5 p.p. na Fed Funds rate será repetido nas próximas três reuniões do comitê, seguido por mais dois aumentos de 0,25 p.p., de modo que, a taxa de juros deva encerrar o ano em 3,0%.

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