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Publicado em 13 de Junho às 11:38:45

CPI (mai/24): Deflação dos itens de energia é responsável por surpresa baixista do índice cheio e do núcleo

Em maio, o índice de preços ao consumidor norte-americano (CPI) registrou estabilidade (0,0%) na comparação mensal, vindo levemente abaixo das expectativas do mercado que apontavam para uma alta de 0,1% m/m (Bloomberg). Desse modo, a inflação acumulada em doze meses apresentou uma queda de 0,1 p.p. em relação ao mês imediatamente anterior, ao sair de 3,4% a/a em abril para 3,3% a/a em maio, surpreendendo positivamente o consenso (3,4% a/a). No que diz respeito ao núcleo da inflação (que exclui alimentos e energia), a variação mensal foi de 0,2% m/m em maio, também configurando uma surpresa positiva em relação as expectativas de 0,3% m/m. Já na métrica em doze meses, o núcleo da inflação recuou mais do que o esperado (3,5% a/a), saindo de 3,6% a/a para 3,4% a/a.

Os aluguéis (shelter) continuaram a apresentar resiliência, repetindo em maio a mesma variação dos três meses anteriores (0,4% m/m). Dentro do grupo de energia, o grande responsável pela surpresa baixista do CPI, o item de gasolina foi o que apresentou a maior deflação mensal (-3,6% m/m). O recuo de 2,0% m/m desse grupo se deveu as commodities energéticas, que desaceleraram de 2,7% m/m para -3,5% m/m. Já os serviços de energia, ainda que tenham continuado a apresentar queda de preços, esta foi menos intensa (-0,2% m/m) do que a observada no mês de abril (-0,7% m/m), puxada tanto pelos serviços de eletricidade (0,0% m/m, ante -0,1% m/m) como pelos de gás (-0,8% m/m, ante -2,9% m/m). Com isso, o arrefecimento dos preços de energia contrabalançou a inflação dos aluguéis, voltando a desempenhar um papel crucial para esse estágio final do processo de desinflação.

A inflação de alimentos, por sua vez, continuou a apresentar uma dinâmica favorável, com os preços dos alimentos apresentando uma variação modesta de apenas 0,1% m/m na passagem de abril para maio. Este resultado se deveu tanto a alimentação no domicílio (0,0% m/m, ante -0,2% m/m) como a alimentação fora do domicílio, cuja taxa de variação saiu de 0,3% m/m para 0,4% m/m na esteira de uma inflação de serviços ainda pressionada. No acumulado dos últimos doze meses, observou-se uma alta de 4,0% na alimentação fora do domicílio, 1,0% na alimentação no domicílio e 2,1% na alimentação em geral, com todas essas métricas apresentando desaceleração em maio.

Novamente, a desaceleração da inflação de serviços no cômputo mensal (0,20% m/m, ante 0,36% m/m) não foi suficiente para que a métrica em doze meses arrefecesse consideravelmente (5,18% a/a, ante 5,23% a/a). Já a métrica de serviços essenciais ex-habitação (Supercore) apresentou forte desaceleração na margem, saindo de 0,42% m/m para -0,04% m/m, mas com a inflação em doze meses cedendo pouco (4,83% a/a, ante 4,91% a/a). Por sua vez, a métrica de serviços que exclui os serviços de energia apresentou movimento semelhante, com a inflação mensal saindo de 0,41% m/m para 0,22% m/m e com a inflação anual recuando apenas 0,12 p.p. (5,21% a/a, ante 5,33% a/a). Com as diferentes métricas da inflação de serviços apresentando lenta desaceleração, reforça-se a percepção de que o segundo estágio do processo de desinflação (“last mile”) deve continuar a apresentar dificuldades.

A inflação de bens continuou a apresentar um comportamento misto. Enquanto os bens duráveis registraram arrefecimento da deflação na métrica mensal (-0,48% m/m, ante -0,53% m/m) e aprofundamento na métrica anual (-3,82% a/a, ante -3,17% a/a), os bens não duráveis caminharam na direção oposta, apresentando diminuição da taxa de variação mensal (-0,43% m/m, ante 0,57% m/m) e aumento da taxa anual (1,83% a/a, ante 1,80% a/a).

Por fim, a melhora observada no dado do CPI de maio, que registrou abrandamento tanto do índice cheio como do núcleo, ainda não deve ser suficiente para o Fed (banco central norte-americano) alterar a sua estratégia de política monetária do “higher for longer” (juros altos por mais tempo) pelo fato de ainda ser necessário ganhar confiança adicional de que a inflação está em uma trajetória sustentável rumo à meta para dar início ao ciclo de corte de juros.

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