Home > Macroeconomia EUA > CPI (mar/24): Aluguéis e gasolina continuam sendo responsáveis por mais da metade da alta mensal do índice cheio

Publicado em 10 de Abril às 15:02:49

CPI (mar/24): Aluguéis e gasolina continuam sendo responsáveis por mais da metade da alta mensal do índice cheio

Em março, o índice de preços ao consumidor norte-americano (CPI) avançou 0,4% na comparação mensal, vindo acima das expectativas do mercado que apontavam para uma alta de 0,3% m/m (Bloomberg). Desse modo, a inflação acumulada em doze meses apresentou uma alta de 0,3 p.p. em relação ao mês imediatamente anterior ao sair de 3,2% a/a em fevereiro para 3,5% a/a em março, superando o consenso de mercado (3,4% a/a). No que diz respeito ao núcleo da inflação (que exclui alimentos e energia), a variação mensal repetiu a alta de 0,4% m/m dos dois meses anteriores, vindo acima da mediana das estimativas de mercado (0,3% m/m). Já na métrica em doze meses, o núcleo da inflação frustrou as expectativas de recuo para 3,7% a/a, permanecendo em 3,8% a/a.

Os aluguéis (shelter) repetiram as mesmas variações do mês de fevereiro (0,4% m/m e 5,7% a/a) e, junto com o item de gasolina (1,7% m/m e 1,3% a/a), foram responsáveis, novamente, por mais da metade da alta mensal do índice cheio. Dentro do grupo de energia, a alta também se deveu as commodities energéticas, que avançaram 1,5% m/m, e aos serviços de energia, que registraram alta de 0,7% m/m. Isso fez com que o grupo apresentasse uma inflação de 1,1% m/m em março. Essa manutenção da alta de preços de energia, grupo que vinha sendo crucial para contrabalançar a inflação dos aluguéis, tende a continuar dificultando o estágio final do processo de desinflação.

A inflação de alimentos, por sua vez, repetiu o resultado favorável de fevereiro, com os preços dos alimentos apresentando alta modesta de apenas 0,1% m/m em março. Este resultado se deveu mais a alimentação no domicílio (0,0% m/m, ante 0,0% m/m), uma vez que a alimentação fora do domicílio registrou aceleração na margem, de 0,1% m/m para 0,3% m/m, na esteira de uma inflação de serviços ainda mais pressionada. No acumulado dos últimos doze meses, observou-se uma alta de 4,2% na alimentação fora do domicílio, 1,2% na alimentação no domicílio e 2,2% na alimentação em geral, com as duas últimas métricas tendo o seu processo de desinflação dos últimos meses interrompido.

A aceleração da inflação de serviços na passagem de fevereiro para março (0,53% m/m, ante 0,47% m/m) fez com que a métrica em doze meses apresentasse o primeiro avanço desde novembro, tendo saltado de 5,0% a/a para 5,3% a/a. O mesmo ocorreu com a métrica de serviços essenciais ex-habitação (Supercore), que também acelerou na margem, de 0,47% m/m para 0,65% m/m, e com a inflação em doze meses acelerando de 4,3% para 4,8%. Com essa métrica, que tenta capturar a dinâmica mais inercial da inflação de serviços, ainda rodando em mais de o dobro da meta de inflação (2,0%), reforça-se a percepção de que esse segundo estágio do processo de desinflação (“last mile”) está sendo mais difícil do que o imaginado previamente pelo mercado. Já a métrica de serviços que exclui os serviços de energia, apresentou movimento semelhante, com a inflação mensal saindo de 0,46% m/m para 0,52% m/m e com a inflação anual subindo 0,2 p.p. (5,4% a/a, ante 5,2% a/a). Essa métrica mostra que, a despeito da alta considerável dos preços dos serviços de energia, principalmente da eletricidade, a alta de preços continua disseminada entre todas as categorias de serviços.

Por fim, o dado do CPI de março evidencia as dificuldades da “última milha” (last mile) do processo de desinflação, que passou a mostrar um aumento ainda mais disseminado entre os vários segmentos de serviços. Em decorrência disto, as apostas para o início do ciclo de corte de juros passaram a se deslocar cada vez mais para o segundo semestre desse ano. O arrefecimento tanto da demanda como da inflação corrente e das expectativas não tem corroborado para que haja afrouxamento da política monetária no curto prazo.

Acesse o disclaimer.

Leitura Dinâmica

Recomendações

    Vale a pena conferir