O Banco Central americano (Fed), de maneira unânime, manteve a taxa básica de juros americana (Fed funds rate) entre 0 e 0,25%. Com a inflação substancialmente acima de 2% e um mercado de trabalho aquecido, o comitê avalia ser apropriado aumentar a meta para a taxa de juros em breve.
Durante a coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, destacou que o comitê tem como foco a alta de juros em março, se as condições forem apropriadas, e que o ritmo de alta de juros será guiado por dados. Destacou-se que a inflação se mostra mais persistente e que o trabalho do Fed é levar a inflação para a meta de longo prazo de 2%. Além disso, foi comentado que ao menos mais duas reuniões do comitê serão usadas para discutir a redução de balanço de ativos do Fed.
Diante da evolução do processo inflacionário e das melhorias observadas no mercado de trabalho, o comitê decidiu manter o ritmo da redução de compra de títulos do tesouro em US$ 20 bilhões e dos títulos lastreados em hipoteca em US$ 10 bilhões, encerrando-as em março. Dessa forma, em fevereiro, o comitê aumentará o balanço do Fed em pelos menos US$ 20 bilhões de títulos do tesouro e pelo menos US$ 10 bilhões em títulos hipotecários por mês.
O comitê destacou que as compras e detenções dos títulos por parte do Fed continuarão a promover um estável funcionamento do mercado e condições financeiras acomodatícias, apoiando, dessa forma, o fluxo de crédito para famílias e empresas.
Ressaltou-se que o progresso da vacinação combinado com a forte política de estímulo fiscal contribuíram para o fortalecimento dos indicadores de atividade econômica e de emprego. De maneira geral, os setores mais afetados pela pandemia têm se recuperado nos últimos meses, entretanto, estão sendo afetados pelo recente recrudescimento da pandemia.
Desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia e à reabertura da economia seguem pressionando o elevado processo inflacionário. De modo geral, as condições financeiras permanecem acomodatícias, em parte refletindo medidas de suporte à economia e o fluxo de crédito às firmas e famílias.
O comunicado reforçou que o comitê segue monitorando as implicações da política monetária acomodatícia na economia e que estará preparado para ajustar a direção da política monetária no caso do surgimento de riscos que possam impedir o comitê de atingir suas metas. Nesse sentido, serão levadas em consideração as informações sobre saúde pública, mercado de trabalho, inflação, expectativas de inflação, pressões inflacionárias e dos desenvolvimentos financeiros e internacionais.
No que diz respeito à significativa redução do balanço de ativos do Fed, o comitê publicou uma nota com princípios que deverão ser seguidos durante este processo. De maneira unânime, o comitê avalia que mudanças na taxa básica de juros são seu principal instrumento de política monetária e que a redução do balanço de ativos será feita de maneira previsível e gradual. Além disso, destacaram que a detenção de títulos se dará em um montante necessário para implementar a política monetária de maneira eficiente e eficaz. No longo prazo, a intenção é manter títulos do Tesouro de modo a minimizar o efeito das participações do Fed na alocação de crédito entre os setores da economia. Por fim, o comitê estará preparado fazer qualquer ajuste no ritmo de redução do balanço à luz dos desenvolvimentos econômicos e financeiros.
Nossa avaliação é que diante da elevada inflação que se encontra, de maneira persistente, acima da meta de longo prazo de 2%, dos desarranjos no mercado de trabalho que têm promovido sucessivas altas nos salários e da persistência dos gargalos nas cadeias globais de produção, o Fed promoverá 5 altas nos juros em 2022, com início em março.