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Publicado em 29 de Janeiro às 19:25:12

FOMC (jan/25): Fed interrompe ciclo de queda de juros após falta de progresso na desinflação

O banco central norte-americano (Federal Reserve) decidiu não dar continuidade ao ciclo de afrouxamento monetário iniciado em setembro, deixando a taxa de juros (Fed Funds rate) inalterada no intervalo entre 4,25% e 4,50% ao ano. A decisão veio em linha com o esperado pelo mercado, com a votação sendo unânime entre os diretores. O Fed também manteve a taxa de juros paga sobre o saldo de reserva (compulsórios) em 4,40% a.a., a taxa de desconto em 4,50% a.a., e a taxa de recompra reversa (overnight) em 4,25% a.a.

O grande destaque da decisão do Comitê ficou por conta da retirada do trecho que fazia menção ao progresso da inflação em direção a meta de 2,0%, sugerindo que os últimos dados frustraram a expectativa do Fed. Isso, somado ao fato de que o Fed agora vê a taxa de desemprego estabilizada num nível baixo (inferior inclusive a taxa natural de 4,4% estimada pelo Congressional Budget Office), contribuiu para que o comunicado apresentasse um teor mais “hawkish”.

Essas mudanças empreendidas no comunicado reforçam a percepção de maior gradualismo a ser adotado a partir das próximas reuniões dada a avaliação de que a economia se mostra mais resiliente do que o esperado e que o processo de desinflação está ocorrendo de forma mais lenta do que o antecipado, tornando o atingimento da meta de inflação mais desafiador.

Na coletiva de imprensa que se seguiu a decisão de política monetária, o presidente do Fed, Jerome Powell, destacou que os maiores riscos que permeiam a economia norte americana no momento são relativos à política tarifária, imigratória, fiscal e regulatória, mas que esses devem ser diluídos no médio prazo. A despeito disso, Powell destacou que a política monetária do Fed está numa boa posição, assim como a economia, e que o que falta é justamente um maior progresso da inflação em direção a meta.

Em relação aos atos executivos do novo governo republicano, Powell evitou fazer qualquer comentário, principalmente no tocante a fala do presidente Trump que demandava ao Fed baixar os juros nos EUA. Ao mesmo tempo, Trump evitou dar a sua impressão sobre a decisão do Fed de manter os juros inalterados nessa reunião de janeiro.

Dada a totalidade do cenário, não vemos espaço para o Fed retomar o ciclo de afrouxamento monetário no curto prazo em vista dos dados de atividade econômica ainda forte e métricas importantes de inflação que tiveram o seu processo de desinflação interrompido e até mesmo revertido na ponta.

Em nosso cenário base para 2025 ainda vemos espaço para o Fed reduzir a taxa básica de juros em 25 pontos base mais uma vez no primeiro semestre do ano para o intervalo entre 4,00% e 4,25% a.a., embora reconheçamos que os riscos apontem, majoritariamente, na direção oposta, de manutenção ou de inflexão do ciclo.

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