O Banco Central americano (Fed), decidiu elevar a taxa básica de juros americana em 0,25 p.p., o primeiro aumento desde 2018. Houve um voto dissidente, James Bullard defendeu uma alta mais agressiva de 0,5 p.p. O Fed avalia a decisão como a mais adequada diante do seu compromisso de atingir o pleno emprego e de garantir estabilidade de preços, com inflação retornando ao patamar de 2,0% no longo prazo.
Durante a coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, anunciou que o início da redução do balanço de ativos do Banco Central americano ocorrerá na próxima reunião (mai/22) e que ocorrerão 7 altas de juros ao longo de 2022. Além disso, ressaltou que a inflação deve permanecer acima da meta de 2% por um período mais longo do que o esperado.
Segundo o comitê, os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho continuaram se fortalecendo nos últimos meses, com reflexo na recuperação dos setores afetados pela pandemia e dos fortes números de criação de empregos e da substancial queda na taxa de desemprego. Por outro lado, a inflação permanece elevada, refletindo os desequilíbrios entre oferta e demanda decorrentes da pandemia, a alta dos preços da energia e da disseminação das altas de preços na economia.
Foram retirados os trechos que associavam o nível de atividade econômica à pandemia e classificava as condições financeiras nos EUA como acomodatícias, refletindo o suporte dado através de políticas públicas que eram responsáveis por direcionar fluxo de crédito às famílias e firmas.
Ressaltou-se que a invasão da Ucrânia por parte da Rússia é responsável por um enorme prejuízo social e econômico. Há grandes incertezas no que diz respeito às implicações desse conflito para a economia americana, entretanto, no curto prazo, a invasão e os seus desdobramentos deverão ser responsáveis por criar uma pressão altista sobre a inflação e pesar sobre a atividade econômica nos EUA.
O comunicado reforçou que o comitê seguirá monitorando as implicações da condução da política monetária na economia e estará preparado para ajustar a direção da política monetária no caso do surgimento de riscos que possam impedir o comitê de atingir suas metas. Nesse sentido, serão levadas em consideração as informações sobre saúde pública, mercado de trabalho, inflação, expectativas de inflação, pressões inflacionárias, e dos desenvolvimentos financeiros e internacionais.
Em relação às perspectivas de política monetária, o gráfico de pontos sinalizou que 7 dos integrantes do comitê projetam que a taxa de juros básica ficará pelo menos em 2,0% ao final de 2022. Vale destacar que 2 dirigentes esperam uma taxa de juros na faixa entre 2,0% e 2,25%; 3 acreditam que a taxa ficará entre 2,25% e 2,50%; 1 prevê que fique entre 2,50% e 2,75%. Para 2022 e 2023, todos os dirigentes projetam que a taxa de juros ficará acima de 2,0%, dos quais 5 projetam taxa de juros superiores a 3,0% ao fim do ano que vem.
O FED reduziu a projeção de crescimento do PIB de 2022 que passou de 4,0% para 2,8%. Já para os anos de 2023 e 2024, as projeções ficaram estáveis em 2,2% e 2,0%, respectivamente.
Por sua vez, as projeções de desemprego para os anos de 2022 e 2023 ficaram estáveis em relação aos números de dezembro ficando em 3,5% em ambos os anos. Por outro lado, para o ano de 2024, a projeção do comitê sofreu leve elevação ao passar de 3,5% para 3,6%.
As projeções de inflação foram elevadas para os anos de 2022, 2023 e 2024. Para o primeiro, houve elevação de 1,7 p.p. em relação à projeção de dezembro, de modo que, os dirigentes preveem uma inflação de 4,3% ao final deste ano. Já para o segundo, as projeções foram elevadas em 0,4 p.p. alcançando o nível de 2,7%. Para 2024, houve elevação de 0,2 p.p. fazendo com que a projeção ficasse em 2,3%. Por fim, a projeção de longo prazo ficou estável em 2,0%.
As projeções para a taxa básica de juros (Fed Funds rate) foram elevadas para todos os anos. Para 2022, passou de 0,9% para 1,9%; de 2023 passou de 1,6% para 2,8%; e para 2024 foi elevado de 2,1% para 2,8%. Em contrapartida, a mediana das projeções de longo prazo sofreu leve recuo ao passar de 2,5% para 2,4%.
