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Publicado em 21 de Setembro às 17:27:29

FOMC (set/22):  Fed sobe juros em 75 bps e sinaliza inflação na meta em 2025

O Banco Central americano (Fed), de maneira unânime, elevou a taxa básica de juros americana em 0,75 p.p., repetindo o ritmo de aumento da reunião anterior. Este resultado representa o terceiro aumento consecutivo desta magnitude, reforçando o comprometimento do Comitê de política monetária em garantir a convergência da inflação para a meta de 2,0% em 2025. A tabela de projeções de longo prazo sugere que um novo aumento de 75 bps é altamente provável na reunião de novembro, encerrando 2022 com uma taxa de juros acima do número projetado pelo mercado. Ademais, o Comitê optou por manter o ritmo de redução do balanço de ativos conforme os termos definidos na reunião de maio.

Segundo o comunicado, embora indicadores recentes que medem gastos com consumo e produção tenham apresentado um desempenho modesto nos últimos meses, o mercado de trabalho segue aquecido diante de um ritmo robusto de criação de vagas de emprego e da manutenção da taxa de desocupação em um baixo patamar (3,7%). Por sua vez, a inflação segue elevada, refletindo os impactos do descasamento entre oferta e demanda, relacionado aos gargalos gerados durante a pandemia, e da disseminação das pressões inflacionárias na economia, sobretudo nos componentes mais inerciais que compõem o núcleo da inflação americana.

Ressaltou-se que a guerra provocada pela Rússia contra a Ucrânia é responsável por um enorme prejuízo social e econômico. O conflito e os eventos relacionados estão criando pressões altistas adicionais sobre a inflação e estão pesando sobre o nível de atividade econômica global. Nesse contexto, o Comitê segue atento ao balanço de riscos inflacionários.

Como forma de atingir a meta de pleno emprego e estabilidade de preços, com uma taxa de inflação de 2% no longo prazo, o comitê decidiu, de maneira unânime, elevar o intervalo da taxa básica de juros (Fed Funds rate) para faixa entre 3,0% e 3,25% ao ano. Além disso, antecipou que a manutenção do atual ciclo de alta de juros é o mais adequado para garantir que as metas de emprego e inflação sejam alcançadas.

Por fim, o comunicado reforçou que o comitê seguirá monitorando as implicações da condução da política monetária na economia e estará preparado para ajustar a direção da política monetária no caso do surgimento de riscos que possam impedir o comitê de atingir suas metas. Nesse sentido, serão levadas em consideração as informações sobre saúde pública, mercado de trabalho, inflação, expectativas de inflação, pressões inflacionárias, e dos desenvolvimentos financeiros e internacionais.

Durante a coletiva de imprensa, o presidente do Banco Central americano, Jerome Powell, reforçou que o comitê segue estritamente comprometido em garantir a estabilidade de preços, sinalizando que este é um alicerce da economia americana. O adiamento do combate inflacionário resultaria em maiores custos para sociedade que vem sofrendo com a deterioração do poder de compra.  Sinalizou que, embora a economia tenha desacelerado na margem, o mercado de trabalho segue bastante aquecido, com um número total de vagas de emprego abertas maior do que o de trabalhadores disponíveis. Ademais, destacou que as pressões inflacionárias são bastante disseminadas na economia americana, fazendo com que a sua convergência para a meta exija a manutenção da Fed Funds rate em território contracionista até que claros sinais de desinflação possam ser observados na economia. Segundo Powell, este cenário será alcançado através de uma desaceleração econômica (crescimento abaixo da tendência de longo prazo) e do desaquecimento do mercado de trabalho – através de um forte recuo do número de vagas abertas.

Ademais, reforçou que a taxa de juros americana se encontra em um patamar considerado apenas levemente contracionista e que decisões futuras serão tomadas reunião a reunião, dependendo dos dados divulgados até então. Quando perguntado sobre um novo aumento de 75 bps na reunião de novembro (assim como sinalizado na tabela de projeções), Powell sinalizou que o Comitê segue dividido entre aumentar a taxa de juros em 100 bps ou 125 bps, reforçando que o Comitê segue altamente dependente dos dados.

Em relação às perspectivas de política monetária, o gráfico de pontos sugere que a diretoria revisou significativamente para cima as suas projeções de taxa de juros desde a reunião de junho. Para 2022, com a exceção de 1 dirigente, os membros do Comitê projetam uma taxa de juros acima de 4,0%, valor superior ao teto das projeções do último gráfico de pontos que era de 3,75%.  A maioria dos diretores projeta que a taxa de juros ficará entre 4,0% e 4,4% em 2022. Para 2023 e 2024, também foi possível observar elevação das projeções, com uma forte elevação do número de votantes que veem as taxas ainda acima de 4,0% nestes anos.

No que diz respeito à tabela de projeções, os destaques vão para as significativas revisões baixistas da taxa de crescimento para os anos de 2022 e 2023 de 1,7% para 0,2% e de 1,7% para 1,2%, respectivamente. Além disso, a taxa para 2024 também sofreu revisão baixista de 1,9% para 1,7%, sinalizando que o Comitê acredita que o atual ciclo de aperto monetário fará com que a economia americana cresça abaixo da taxa de longo prazo (1,8%). Além disso, apontou que a taxa de desemprego ficará acima do nível de longo prazo (4,0%) durante todo o horizonte analisado que vai até 2025. Já a taxa de juros deve encerrar o ano de 2022 em 4,4%, aumento de 1,0% em relação à projeção mediana de junho, alcançando o seu nível mais elevado em 2023 (4,6%) e recuará até 2,9% em 2025, ficando acima da taxa neutra de (2,5%).  Sob este arcabouço, o Fed acredita que será possível desacelerar a taxa de inflação (PCE) de 5,4% em 2022 para 2,0% em 2025, enquanto o seu núcleo desacelerará de 4,5% para 2,1% no mesmo período, levemente acima da meta de estabilidade de longo prazo de 2,0%.

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