A variação do índice de preços do consumidor (CPI) foi de 0,5% em dezembro ante um crescimento de 0,8% em novembro na série com ajuste sazonal. Este resultado ficou acima da mediana das projeções de mercado de 0,5%. Por sua vez, a taxa de inflação nos últimos 12 meses foi de alta de 7%, a maior variação anual desde 1982, ficando em linha com o consenso de mercado.
O avanço no mês foi concentrado nos grupos de habitação e veículos usados. Por outro lado, observamos uma desaceleração no índice de alimentação. Por fim, o grande destaque vai para o recuo no índice de energia que com este resultado encerrou uma longa sequência de altas consecutivas. Este resultado decorreu da queda nos preços da gasolina e gás natural.
Os índices de transporte e habitação (shelter) apresentaram as maiores altas no mês de novembro e juntos contribuíram por cerca de 67% da variação do índice headline (+33,5 b.p.).
Por sua vez, o grupo de alimentos apresentou leve desaceleração (-20 b.p.) em relação ao mês anterior ao avançar 0,5% em dezembro. Este resultado decorreu da combinação do arrefecimento da alimentação no domicílio que saiu de alta de 0,8% para 0,4% e da estabilidade alimentação fora do domicílio em 0,6% no mesmo intervalo de tempo. Em 12 meses, o índice de alimentação acumulou alta de 6,3%.
O índice de energia teve queda de -0,4% em dezembro, ante alta de 3,5% em novembro. Este resultado foi influenciado, principalmente, pelo recuo de -0,5% na gasolina, ante 6,1% no mês anterior. Em 12 meses, o grupo de energia acumulou alta de 29,3%, com forte contribuição da gasolina que teve alta de 49,6% no mesmo período.
A forte alta do indicador de energia nos últimos 12 meses é resultado de um cenário de crise energética global (crise hídrica na China e eólica na Europa) e de busca por alternativas de geração energética de curto prazo menos poluentes. Dessa forma, aumenta-se a demanda por gás natural e petróleo o que atua como vetor adicional de pressão sobre o preço dessas commodities que já se encontravam em patamar elevado por conta da retomada da atividade no pós-pandemia. Soma-se a isso, o excesso de demanda, que vem gerando um superaquecimento econômico, atua como um fator adicional de pressão sob estas commodities.
No que diz respeito ao núcleo (excluí alimentos e energia) da inflação, a variação mensal foi de 0,6%, ficando um pouco acima da mediana das projeções de mercado de 0,5%. No interanual, registrou-se um avanço de 5,5%, a maior variação em 12 meses desde fevereiro de 1991, também ficou acima do consenso do mercado.
As principais contribuições positivas vão para o índice de preços de habitação (shelter) que obteve alta de 0,4%, resultado que contribuiu com mais de um terço da variação observada no índice cheio; índice de novos veículos (+1,0%); e veículos usados (+3,5%).
Com o resultado de dezembro o índice de novos veículos acumula alta de 11,8% e o índice de carros usados acumulou alta de 37,3% em 12 meses. Já o índice de preços de habitação acumulou alta de 4,1% no mesmo período.