A variação do índice de preços do consumidor (CPI) foi de 0,6% em janeiro, ante crescimento de 0,5% em dezembro, na série com ajuste sazonal. Este resultado ficou acima da mediana das projeções de mercado de 0,4%. Por sua vez, a taxa de inflação nos últimos 12 meses acumulou alta de 7,5%, renovando a maior variação anual desde 1982, ficando acima do consenso de mercado de 7,2%.
O avanço no mês foi concentrado nos grupos de alimentação, energia e habitação. Por outro lado, observamos desaceleração nos índices de novos veículos e de veículos usados.
Os índices de alimentação e habitação (shelter) apresentaram as maiores altas no mês de janeiro e juntos contribuíram por cerca de 61% da variação do índice headline (+36,6 b.p.).
Por sua vez, o grupo de alimentos apresentou aceleração (40 b.p.) em relação ao mês anterior ao avançar 0,9% em janeiro. Este resultado decorreu da significativa aceleração da alimentação no domicílio que saiu de alta de 0,4% para 1,0% e, em menor magnitude, do avanço de 10 b.p. da alimentação fora do domicílio que atingiu o patamar de 0,7% em janeiro. Em 12 meses, o índice de alimentação acumulou alta de 7,0%.
Já o índice de energia apresentou alta de 0,9%, ficando estável em relação ao número observado em dezembro. Este resultado foi influenciado pela alta de 4,2% da energia elétrica ter sido parcialmente compensada pelos recuos de -0,8% e -0,5% da gasolina e gás, respectivamente. Em 12 meses, o grupo de energia acumulou alta de 27%, com fortes contribuições da gasolina com alta de 40%, e do gás que avançou 23,9% no mesmo período.
Embora a gasolina tenha apresentado arrefecimento nos últimos meses, o recente aumento nos preços do petróleo, decorrentes das crises energética e política na Europa, ameaça a continuidade desta trajetória. Soma-se a isso a transição energética global para fontes de energia menos poluentes, o que aumenta a demanda por petróleo e gás natural, atuando como vetor adicional de pressão sobre os preços dessas commodities que já se encontram em um patamar bastante elevado. Por fim, o cenário de recuperação global pós-pandemia atua como um fator adicional de sustentação do preço destas commodities em um patamar elevado.
No que diz respeito ao núcleo da inflação (exclui alimentos e energia), a variação mensal foi de 0,6%, ficando acima da mediana das projeções de mercado de 0,4%. No interanual, registrou-se um avanço de 6,0%, a maior variação em 12 meses em quase quatro décadas, que também ficou acima do consenso do mercado (5,9%).
As principais contribuições altistas vão para o índice de preços de habitação (shelter) que avançou 0,3%, resultado que contribuiu com mais de um terço da variação observada no índice cheio; e veículos usados (+1,5%). Com o resultado de janeiro, o índice de veículos usados acumula alta de 40,5%, em 12 meses. Já o índice de habitação acumulou alta de 4,4% no mesmo período.