Em abril, houve criação líquida de 428 mil empregos em setores não agrícola (Nonfarm Payroll), ante um resultado revisado na mesma magnitude em março. O resultado veio melhor que o aguardado pelo mercado que tinha como expectativa a criação de 380 mil vagas de emprego no mês.
As contribuições positivas foram bastante disseminadas. Os destaques vão para os segmentos de serviços de lazer e hospitalidade; indústria; e transporte e armazenagem. O resultado do mês de abril representa o décimo segundo mês consecutivo de criação de empregos acima de 400 vagas, superando os números observados antes da pandemia que, na média, eram de criação de 164 mil postos de trabalho por mês.
Já a taxa de desemprego ficou estável em relação ao mês anterior ao permanecer no patamar de 3,6%, resultado levemente pior do que o consenso de mercado que projetava uma taxa de desemprego retornando ao patamar observado antes da pandemia de 3,5%. O número de desocupados ficou praticamente estável na passagem de março para abril em 5,9 milhões. Vale destacar que estas medidas se encontram próximas dos valores observados em fevereiro de 2020 (3,5% e 5,7 milhões, respectivamente).
Os destaques positivos foram nos grupos de Lazer e Hospitalidade (+78 mil), com destaque para bares e restaurantes (+61 mil) que foram beneficiados pelo arrefecimento da pandemia; Indústria (+55 mil); e Transporte e Armazenagem (+52 mil).
Em abril, o número de desempregados a longo prazo (27 ou mais semanas) ficou estável em 1,5 milhão de desempregados. Esta medida supera em 362 mil o número observado em fevereiro de 2020 e constitui 25,2% do total de desocupados no mês.
O número de indivíduos empregados a tempo parcial por razões econômicas ficou estável em 4,0 milhões, próximo do número observado em fevereiro de 2020 (4,4 milhões). Vale destacar que estas pessoas constituem a parcela da população que gostaria de ter um emprego em período integral, porém trabalham em escala parcial por conta de redução na jornada ou dificuldades de encontrar emprego de trabalho integral.
Além disso, o número de indivíduos fora da força de trabalho que querem um emprego ficou estável em 5,9 milhões em abril. Esta medida ainda se encontra acima do nível observado durante o pré-pandemia (5 milhões). Estes indivíduos constituem a parcela da população que continuam sem emprego por não estarem procurando ativamente por uma vaga de trabalho nas últimas 4 semanas, portanto, não contabilizados como desempregados.
A taxa de participação da força de trabalho recuou 0,2 p.p. em relação à leitura do mês anterior ficando em 62,2%. Na mesma direção, a razão entre o número de empregos e a população em idade ativa (Employment-population ratio) recuou 0,1 p.p., ficando em 60,0%. Ambas medidas seguem 1,2 p.p. abaixo do nível observado no período que antecedeu a pandemia.
A média de ganhos salariais por hora aumentou US$ 0,10 chegando ao nível de US$ 31,85 acumulando doze meses de altas seguidas. Em 12 meses, o salário médio por hora aumentou 5,5%, ficando em linha com o consenso de mercado.
Houve revisões nos números de fevereiro e março que ao todo, retiraram 39 mil vagas de emprego no período. O número de fevereiro foi revisado de 750 mil para 714 mil, já o número de março passou de 431 mil para 428 mil.
O resultado do mês sugere que o mercado de trabalho americano segue bastante sólido com uma forte demanda por trabalhadores. O descasamento entre oferta e demanda por mão de obra, que vem sendo responsável pelos aumentos salariais nos últimos meses, tende a ser agravado pela leve queda na taxa de participação na passagem de março para abril. Este fato deve fazer aumentar a disputa entre os empregadores pela mão de obra disponível, mantendo a trajetória de alta do salário médio por hora nos próximos meses. Entretanto, vale destacar que, mesmo diante de uma elevação significativa no salário em 12 meses, esta ainda se encontra abaixo da inflação americana, portanto, representando uma queda do salário em termos reais, corroendo o poder de compra do consumidor. Este fato deve continuar contribuindo para a mudança no perfil de consumo do americano, que vem sendo observado nos últimos meses com a substituição do consumo de bens para serviços.