Em dezembro, houve criação líquida de 199 mil empregos em setores não agrícolas (Nonfarm Payroll), ante um resultado revisado de 249 mil em novembro. O resultado veio abaixo da expectativa mediana de mercado que aguardava a criação de 450 mil postos de trabalho.
As principais contribuições positivas foram nos segmentos de serviços de lazer e hospitalidade; profissionais e administrativos; transporte e armazenamento; construção; e na manufatura.
Na passagem de novembro para dezembro, a taxa de desemprego recuou 0,3 p.p. atingindo o patamar de 3,9%, surpreendendo positivamente o mercado que tinha o consenso de uma taxa de 4,1%. No mesmo período, o número de desempregados recuou em 483 mil, alcançando ao todo um total de 6,3 milhões de desempregados.
Este resultado representa uma melhora significativa em relação aos números observados entre fevereiro e abril de 2020, período marcado pelo início da crise sanitária. Ao longo do ano de 2021, o número de desempregados recuou em 4,5 milhões e a taxa de desocupados caiu 2,8 p.p. Entretanto, estes ainda se encontram acima dos valores observados no período pré-Covid em que vigorava uma taxa de desemprego de 3,5% e um número total de desempregados de 5,7 milhões.
Os destaques positivos foram nos grupos de lazer e hospitalidade (+53 mil); serviços profissionais e administrativos (+43 mil); na manufatura (+26 mil); transporte e armazenagem (+19 mil); e construção (+22 mil).
Em dezembro, o número de desempregados a longo prazo (27 ou mais semanas) recuou em 185 mil alcançando o nível de 2 milhões no mês. Este número constitui 31,7% do total de desempregados em novembro, sendo superior em 887 mil em relação ao número de fevereiro de 2020.
A taxa de participação da força de trabalho avançou 0,1 p.p. em relação a novembro, ficando em 61,9%, entretanto, segue 1,5 p.p. abaixo do nível pré-pandemia. Vale ressaltar que este número tem mostrado uma certa estabilidade, uma vez que permanece entre o intervalo de 61,4% a 61,9% desde junho de 2020. Além disso, a razão entre o número de empregados e a população em idade ativa (employment-population ratio) apresentou elevação de 0,2 p.p. em relação ao mês anterior alcançando o patamar de 59,5%, contudo, segue 1,7 p.p. abaixo da taxa observada em fevereiro de 2020.
O número de indivíduos empregados a tempo parcial por razões econômicas recuou em 337 mil pessoas ao longo do mês, alcançando o nível de 3,9 milhões de pessoas. Estas pessoas constituem a parcela da população que gostaria de ter um emprego em período integral, porém trabalham em escala parcial por conta de redução na jornada ou dificuldades de encontrar emprego de trabalho integral.
Além disso, o número de indivíduos fora da força de trabalho que querem um emprego ficou estável em 5,7 milhões em novembro, entretanto, segue 717 mil acima do nível observado antes do início da crise sanitária. Estes indivíduos constituem a parcela da população que continuam desempregados por não estarem procurando ativamente por um emprego nas últimas 4 semanas.
A média de ganhos salariais por hora aumentou US$ 0,19 chegando ao nível de US$ 31,31 acumulando nove meses de altas seguidas. Em 12 meses, o salário médio por hora aumentou 4,7%. Os dados de mercado de trabalho sugerem que o descasamento entre demanda e oferta de mão-de-obra atua como um importante fator para a alta dos salários nos EUA.
Houve revisões que adicionaram ao todo uma criação de 141 mil vagas para os meses de outubro e novembro. Para o primeiro, houve um aumento de 102 mil vagas passando de 546 mil para 648 mil. Para o último, houve um acréscimo de 39 mil vagas fazendo com o valor revisado de novembro ficar em 249 mil vagas.
Embora os dados apontem para uma criação de empregos abaixo do projetado pelo consenso de mercado, diante da significativa queda da taxa de desemprego e de um forte avanço no salário médio por hora, acreditamos que este resultado de dezembro não altera a postura mais hawkish do Fed. Acreditamos que o ano será marcado por 3 aumentos na taxa básica de juros (Fed Funds rate), que deve se iniciar em mar/22. Além disso, na última ata do comitê, ficou clara a vontade de parte dos diretores em começar a enxugar o balanço de ativos do Fed logo após o início da subida dos juros, reduzindo a liquidez na economia americana. A combinação desses dois movimentos impõe maiores desafios para economias emergentes, sobretudo, em maiores pressões cambiais que deverão tornar mais lento o processo de desinflação ao longo de 2022.