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Publicado em 06 de Janeiro às 15:42:56

Payroll (dez/22): Criação de vagas surpreende para cima (223 mil) e taxa de desemprego cai para 3,5%

Houve criação líquida de 223 mil empregos em setores não agrícolas (Nonfarm Payroll) nos EUA em dezembro, ante um resultado revisado em 7 mil vagas a menos em novembro, reduzindo a criação de vagas do mês para 256 mil. Também houve revisão para o mês de outubro, com o número anterior de 284 mil sendo revisado para 263 mil empregos gerados. Essas revisões resultaram numa perda líquida de 28 mil empregos.  Com os dados de dezembro, nos meses de 2022 foram registrados, em média, a criação de 375 mil postos de trabalho, ante 562 mil para o mesmo período de 2021.

Esse número de dezembro veio um pouco acima do consenso de mercado que aguardava o preenchimento de 203 mil vagas (Bloomberg), e muito acima das 100 mil vagas que, segundo o presidente do Fed, Jerome Powell, é o número consistente com a taxa de crescimento populacional da economia americana. Em 2022, foram criados 4,5 milhões de postos de trabalho em setores não agrícolas, quase batendo o recorde de geração de emprego para o período de um ano.

Em dezembro, os setores que mais contribuíram para a criação líquida de vagas foram: Produção de Mercadorias (40 mil), Educação e Saúde (78 mil), e Lazer (67 mil). Dentre as contribuições negativas destacaram-se: Ajuda Temporária (-35 mil), Serviços prestados às empresas (-6 mil) e Serviços de Informação (-5 mil). A menor criação de vagas por parte do governo (3 mil, ante 54 mil) foi parcialmente compensada pelo aumento na geração de postos de trabalho pelo setor privado (220 mil, ante 202 mil). Com este resultado, o número de empregos no setor não agrícola se encontra 1,2 milhão acima do patamar observado no período pré-pandemia (fev/20).

A taxa de desemprego de novembro foi revisada de 3,7% para 3,6%, com a queda de 0,1 p.p. que ocorreu na passagem de novembro para dezembro levando-a para 3,5% da força de trabalho. Esse resultado veio na direção contraria do que esperava o mercado, que aguardava alta de 0,1 p.p. para 3,7%. No mês de dezembro, o número de desocupados diminuiu em 278 mil, totalizando 5,72 milhões de americanos. Com este resultado, a taxa de desemprego ainda se mantém abaixo da taxa de desemprego natural (4,0%), sinalizando que o mercado de trabalho americano segue aquecido.

Em dezembro, o número de desempregados a longo prazo (27 semanas ou mais) caiu marginalmente, de 1,22 milhão para 1,07 milhão, caindo abaixo do patamar pré-pandemia de 1,11 milhão (fev/20). Atualmente, este grupo representa 18,7% do total de desempregados, uma queda dos 20,3% registrados em novembro. Já o número de indivíduos empregados a tempo parcial por razões econômicas avançou em 190 mil, para 3,88 milhões, se mantendo abaixo do nível observado em fevereiro de 2020 (4,39 milhões).

Além disso, o número de indivíduos fora da força de trabalho que querem um emprego diminuiu em 352 mil na passagem de novembro para dezembro, totalizando 5,18 milhões, e seguindo acima do patamar observado durante o pré-pandemia (5,05 milhões). Dentre as razões para o desemprego destacam-se as pessoas que perderam o emprego (2,63 milhões ante 2,76 milhões), as que se demitiram (825 mil ante 829 mil), as que estão entrando novamente na força de trabalho (1,77 milhões ante 1,80 milhões) e os novos entrantes na força de trabalho (497 mil ante 558 mil).

A taxa de participação da força de trabalho avançou 0,1 p.p. em relação a leitura do mês anterior ao registrar 62,3% em dezembro, surpreendendo positivamente o mercado que tinha como consenso a manutenção da taxa em 62,2%, visto que o número de novembro foi revisado em 0,1p.p., de 62,1% para 62,2%. Por sua vez, a razão entre o total de empregados e a população em idade ativa (Employment-Population ratio) avançou 0,2 p.p., para 60,1%. Com estes resultados, ambas medidas se encontram 1,0 p.p. abaixo do patamar observado em fevereiro de 2020.

A média de ganhos salariais por hora aumentou US$ 0,09 (0,3% m/m), ficando 0,1 p.p. abaixo da expectativa do mercado de 0,4%, alcançando o nível de US$ 32,82 por hora trabalhada. Com este resultado, em 12 meses, o salário médio por hora acumulou alta de 4,6%, abaixo também das estimativas (5,0%). Nessa mesma métrica houve, na margem, desaceleração de 0,2 p.p. na passagem de novembro para dezembro, fazendo com que a tendência de arrefecimento na dinâmica dos salários continue, ainda que a passos lentos. Contudo, esta medida segue substancialmente acima da meta de estabilidade de preços do Fed (2,0%), o que indica que o banco central americano ainda terá algum caminho a percorrer para desaquecer o mercado de trabalho americano.

A combinação de um resultado sólido na criação de vagas, com a taxa de desemprego caindo, a taxa de participação aumentando e os ganhos salariais esfriando indica que as principais variáveis relativas ao mercado de trabalho que o Fed acompanha estão se movendo ainda muito lentamente em direção aos patamares que a autoridade monetária deseja. Com base nisso, a instituição manterá o seu plano de voo de continuar a elevar a taxa de juros. Porém, caso decida dar mais ênfase à direção, o fato de os dados estarem caminhando no sentido correto pode dar espaço para o Fed desacelerar o ritmo de alta de juros dos 50 pontos-base em dezembro para 25 pontos-base na reunião de fevereiro.

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